VAMOS SER DE VERDADE?

Ter 5 mil amigos virtuais e não saber o prato favorito de 10 deles. Não conhecer a força do seu abraço, o seu jeito de andar e os seus lugares favoritos. Se gosta de café ou se prefere chá. Se adoça ou não. Entre vinho e cerveja, não saber o que ele escolhe. Que pizza mais gosta. O que gosta de fazer, de verdade, no sábado de tarde. No sábado de noite.  DE VERDADE. Não aquilo que as redes sociais mostram. Não aquilo que julgamos ser incrível e portanto postado para todos verem. Há pensadores dizendo que o mundo será outro após a pandemia, tomara mesmo que a gente volte a ser “de verdade”. 

No texto “Um novo mundo?” Acima, escrito por mim e postado nas redes sociais no último mês, iniciei uma reflexão sobre amigos de verdade, vida de verdade, rotina de verdade, relações de verdade, corpos de verdade, seres humanos de verdade. Escuto e vejo muitas pessoas em sofrimento por compararem suas vidas, suas rotinas, seus corpos, suas casas, seus sonhos com aquilo que vêem  e consomem nas redes sociais. Comparações que vão desde aquilo que escolhem fazer no seu tempo livre até seus maiores projetos de vida. E eu me incluo aí. Por vezes me pego chateada fazendo alguma comparação. 

Agora vamos lá. Retomar que SER humano é SER imperfeito. Fazer uma pausa, antes de sofrer com a comparação, e lembrar de olhar criticamente para a vida/corpo/prato/rotina perfeita postada pela outra pessoa. Vida perfeita não tem nem em filme. Respirar e recordar todos somos humanos, e que muitas vezes a “maquiagem” pode estar além da pele, mas também na vida que é “desenhada” para ser postada. Tenhamos compreensão da dor por trás  de todas as vezes que a vida de verdade foi maquiada para ser postada mais colorida, vibrante e brilhante para o mundo ver. Fazendo um “link” com o mundo da alimentação, da nutrição, das pessoas que buscam um equilíbrio alimentar, busquemos também ser mais reais e menos perfeitos, sabendo que altos e baixos fazem parte do processo. A gente pode ser imperfeito. Faz parte. 

As Terapias de Terceira Geração estão aí para nos lembrar da importância da aceitação da realidade quando não podemos mudá-la, do quanto pode ser útil olhar os nossos pensamentos e emoções com uma certa distância / perspectiva, tal como “bem, eu, Martha, estou notando meu pensamento de que a vida X é melhor do que a vida Y, que é a minha”. Olhar sem perspectiva é pensar “A vida X é melhor do que a minha”. Percebem a diferença? Olhar com perspectiva é olhar nossos pensamentos e emoções como frases escritas em cartolinas e coladas na parede. Somos maiores do que nossas experiências internas. Que possamos reconhecer as experiências desagradáveis e as agradáveis como parte da experiência de ser quem somos, únicos, ESPECIAIS e diferentes (cada qual com seu jeitinho) de tudo e de todos que vemos nas redes sociais.

 

 

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Sobre o Autor
Martha Wallig Brusius Ludwig
Martha Wallig Brusius Ludwig CRP 07/13821 Psicóloga graduada pela Pucrs. Atua como psicoterapeuta individual na clínica há 15 anos. Trabalha com capacitação e supervisão de profissionais da saúde (nutrição, enfermagem, psicologia) para melhorar motivação e adesão a novos comportamentos, assim como com orientação de grupos de treino de pais. Atuação com grupos interdisciplinares de mudança do e... ver mais

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