Não há problema nos apegarmos a uma lembrança se abrimos espaço por outras coisas.

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Na minha experiência como terapeuta, tive a oportunidade de testemunhar momentos de profunda sabedoria e resiliência por parte dos meus pacientes. Um desses momentos ocorreu durante uma sessão em que um paciente, depois de trabalhar intensamente durante vários meses sobre a perda de um ente querido, pronunciou uma frase que ressoou em mim:

Não há problema nos apegarmos a uma lembrança se abrimos espaço por outras coisas.”.

Essa afirmação simples, mas poderosa, do paciente explica perfeitamente a importância de lidar-mos com a perda e, ao mesmo tempo, nos permitir avançar e encontrar um novo significado em nossas vidas.

Quando enfrentamos a perda de um ente querido, é natural experimentar uma profunda tristeza e nos apegarmos às lembranças que temos dessa pessoa. Esses vínculos afetivos são parte da nossa identidade e nos conectam com a nossa história e experiências compartilhadas.

Na terapia, comumente trabalhamos no processo de luto para ajudar os pacientes a interagirem com suas emoções, encontrarem maneiras de se lembrarem do ente querido e, finalmente, encontrarem um novo equilíbrio em suas vidas. No entanto, é fundamental compreender que não se trata de esquecer ou deixar para trás a pessoa que perdemos, mas sim encontrar uma maneira de integrar esse vínculo em nossa vida presente.

A terapia de aceitação e compromisso (ACT) auxilia nesse processo, sendo uma abordagem terapêutica que favorece o direcionamento da atenção para os comportamentos que dão sentido à vida dos nossos clientes, enquanto eles aprendem a se relacionar de uma forma distinta com sua dor. No contexto da perda, a ACT ajuda a aceitar a dor e as emoções difíceis associadas à perda, buscando comportamentos que permitam o comprometimento com seus valores mais profundos.

A frase desse paciente, “Não há problema nos apegarmos a uma lembrança se abrimos espaço por outras coisas.”, reflete precisamente os princípios fundamentais da ACT. Ela nos permite reconhecer a importância dos nossos vínculos afetivos, ao mesmo tempo em que nos abrimos para novas experiências e oportunidades que podem ter significado e propósito em nossas vidas atuais.

Apegar-nos a uma lembrança não é algo negativo, pois faz parte do nosso processo de luto e é uma forma de manter viva a conexão com aqueles que perdemos. Essa lembrança se torna uma fonte de inspiração e motivação para vivermos de acordo com nossos valores, permitindo-nos encontrar um novo caminho enquanto seguimos adiante no processo de luto. Dessa maneira, honramos a memória daqueles que perdemos, ao mesmo tempo em que buscamos um sentido renovado em nossas vidas.

 

Se você quer saber mais sobre terapia de aceitação e luto, recomendo conferir os seguintes conteúdos:

  • Livro “O Processo Psicológico do Luto: Teoria e Prática” de Zilberman, A., Kroeff, R., Cruz-Gaitán, J. I. (2022).
  • Livro “Duelo: Tratamiento basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT)” de Cruz-Gaitán, J. I., Reyes, O. M., Corona, C. R. I. (2017).

Além disso, também está disponível o curso de extensão sobre terapia de aceitação e compromisso e luto (ACT) que acontecerá nos dias 9 a 11 de janeiro de 2024.

Para se inscrever, acesse o seguinte link: Inscreva-se aqui

José Ignacio Cruz Gaitán

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Sobre o Autor
José Ignacio Cruz Gaitán
Psicólogo. Mestre em Psicoterapia. Membro dos Núcleos VIDA, CORA e CONTEXTUS no CEFI. Formado em Terapia dialéctica Conductual pelo Behavioral Tech e com múltiples treinamentos em Terapia de Aceitação e Compromiso, Terapia Analítico-Funcional e diversas terapias Contextuais. Coordinador do Núcleo Vida para a atenção ao risco de Suicidio e Coordinador da especialização em Terapias Comportamentai... ver mais

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