Enfrentar, lidar, manejar

Um problema clássico na tradução são os termos consagrados. Uma vez que um termo técnico ou central é traduzido de uma maneira, causar modificações pode gerar confusão e dificuldade de entendimento entre fontes diferentes.   Quando Crime e Castigo, do Dostoievski, foi publicado pela Editora 34 em tradução direta do russo pela primeira vez, as críticas foram muito diversas – pudera, o público lera uma tradução do francês (e nessa época as traduções feitas pelos franceses eram estilisticamente muito influenciadas...

A Pressa Pela Mudança

Por que muitas vezes é tão difícil reconhecermos a mudança em nós? Queremos mudar, mas não queremos esperar o tempo necessário para que ela aconteça, e quando acontece, muitas vezes não conseguimos discriminá-la. Me peguei refletindo sobre isso depois de uma conversa com um amigo. Ele estava passando por dificuldades no relacionamento: contou que sente ciúmes, algo que considera altamente recriminável. Quer mudar, mas quer que isso aconteça rápido, de forma abrupta, como se quisesse alcançar o ciúme dentro de...

Nada do que foi será

Como você lida com as perdas da vida? A maior certeza da vida é a perda, ninguém está livre disso, vamos perder pessoas, relacionamentos, empregos, saúde, sonhos que não poderão se realizar… Mas é difícil encarar essa realidade, encarar as dores dessas perdas. Como diz na canção cantada por Lulu Santos, “não adianta fugir, nem mentir para si mesmo”, ela vai acontecer, faz parte da vida. E tudo bem que dê vontade de fugir, de lutar, de espernear e gritar...

Nossos Selfs

Iniciei uma das atividades do ano, que valorizo muito, realizando um exercício de mindfulness, onde a intenção era pensar nas expectativas, medos, desejos para o ano que se inicia. Esse “eu” que observou o passado e visualizou o futuro me trouxe uma sensação de transcender o tempo e o espaço experimentalmente, também conhecido como “self observador”, ilimitado e que permite nos colocar em perspectiva, promover a desfusão e a sensação de liberdade, vamos falar sobre nossos Selfs? Quando me sinto...

O que te conecta?

Eu não sabia o que escrever para o blog de hoje, não tinha nenhuma ideia em mente. Então dei início ao meu processo criativo de assistir alguns clipes de músicas e filmes que eu gosto muito. Percebi que essa é uma rotina bem frequente antes de escrever para o Blog. Esse processo me ajuda a me conectar mais com a minha emoção e, como consequência, com o meu processo criativo. O que te conecta? E é curioso como, quando eu...

A dádiva do E

Nesta segunda semana do ano de 2022 quero registrar aqui meu desejo que possamos ser cada vez mais dialéticos em nossa forma de pensar e agir, ou seja, que possamos, na medida do possível, transitar no caminho do meio, no caminho do E, principalmente nesse contexto de tantas polaridades que vivemos em nossa realidade atual. De acordo com a Terapia Comportamental Dialética (DBT), sempre há mais de uma maneira de ver uma situação e mais de uma maneira de resolver...

Validação, uma habilidade de aceitação

Tenho vivido uma experiência incrível; coordenar o Treinamento de Habilidades DBT para Pais e Familiares de pessoas com Desregulação Emocional. E neste trabalho a validação tem sido o tema central, porque mobiliza e co-responsabiliza todos os envolvidos. Saber escutar, compreender, acolher e principalmente controlar o impulso de aconselhar e resolver o problema do outro é um constante desafio. O impulso de todo pai ou familiar é evitar que o filho sinta dor e frustração (eu mesma já tive esse impulso...

Algumas armadilhas no caminho para a Aceitação

Desde que comecei a estudar as Terapias Comportamentais Contextuais, em especial a ACT, para a minha prática profissional (e estudar é algo que gosto bastante), eu intuitivamente passei a tentar aplicar para a minha vida os princípios e processos de mudança propostos pela abordagem. O objetivo da ACT é desenvolver repertório de Flexibilidade Psicológica, que é a habilidade de contatar o momento presente de forma mais plena, como um ser humano consciente, e mudar ou persistir em um comportamento servindo...

Sabe quando “vira a chave?” Então…

Às vezes estamos tomados por uma única perspectiva de ver as coisas e de experimentar as coisas. Podemos até “saber” que podíamos nos comportar diferente diante daquela situação que nos desagrada, mas simplesmente não conseguimos. Seguimos agindo do velho jeito que não funciona. O jeito que pode ser xingando, exigindo, cobrando ou reclamando.. mostrando nossa insatisfação… e as coisas seguem iguais. É como se a gente “sacudisse, sacudisse”  e nada acontecesse. No fundo a gente reclama para aliviar a raiva...

Um dia como qualquer outro, mas…

E começou assim… Um dia como qualquer outro, era final do veraneio, a família estava terminando de tomar café da manhã e arrumar as malas para voltar para Porto Alegre. O grupo estava em dois carros separados, os pais voltaram em um dos carros e as duas filhas, uma acompanhada de seu namorado e outra de sua amiga, em outro. O carro com as filhas e os acompanhantes estava mais a frente e, em um certo momento da viagem, eles...