A minha experiência do Covid e Aceitação Radical

 

 

Dia 07 de abril celebramos o dia mundial da saúde, que tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação da saúde para ter uma melhor qualidade de vida. Anualmente, o Dia Mundial da Saúde é destinado a discutir um tema específico que representa uma prioridade na agenda internacional da Organização Mundial da Saúde – OMS. O tema de 2021 diz respeito a construir um mundo mais justo e saudável, com equidade nos tratamentos e acesso aos serviços de saúde, em especial à situação mundial de recuperação do Covid-19. Os impactos estão sendo na saúde física, financeira, emocional, sanitária, educacional e principalmente de serviços de saúde. O apelo é que todos possam contribuir para um mundo menos desigual e discriminativo, onde todos sejam agentes e estejam atentos ao outro e aos sistemas, propiciando que as consequências do Covid-19 sejam menos danosas à saúde de forma geral.

Nesse momento, noto que minha forma de contribuir é compartilhando algumas estratégias que utilizei  no meu processo de cura do Covid-19. Tive a doença no início de março desse ano com a sequela de uma pneumonia, num contexto sanitário catastrófico, sem hospitais, possibilidade de internação ou qualquer  ajuda médica facilitada.

Nesse contexto, contei com o apoio e competência de uma médica pneumologista, com a compaixão da minha família e amigos próximos. E o que significa passar por essa doença? Significa a necessidade e a dificuldade de respirar, o que nos permite estarmos vivos. Um ato muitas vezes imperceptível, quase automático. Pela primeira vez percebi a importância crucial dos meus pulmões, me reconciliei com eles, fizemos muitos processos de cura juntos e principalmente agradeci muito por  serem tão perfeitos durante tantos anos. Pedi perdão pelas vezes que não fui tão cuidadosa e atenciosa.

Sou uma praticante de Mindfulness, a base da Terapia Comportamental Dialética (DBT) e pude fazer uso de muitas habilidades nesse processo da doença até entrar no “fluxo da cura”. A habilidade principal que utilizei foi a de Aceitação Radical, que nada tem a ver com conformismo ou resignação, é um processo ativo de abrir mão do que gostaríamos de ter para lidar de frente com o que temos, com a realidade como é. Um olhar para os fatos e também reconhecendo o que está dentro de nós, os pensamentos, as emoções, os sentimentos, notando e fazendo escolhas, a todo momento.  Quando aceito paro de lutar. A não aceitação gera mais sofrimento, o não querer sentir, o fugir, se esquivar promove uma luta interna que desencadeia em mais dor e sofrimento, pois a realidade não vai mudar porque você não a aceita. Sendo assim, se abrir para a experiência, estar disposto e tolerar suas emoções de mal estar propiciam que você busque recursos para não piorar a situação.  Quando noto minha experiência (Mindfulness) posso decidir o que preciso.

Não importa o momento de crise que você vive ou possa vir a viver é muito importante ter âncoras ideológicas, teóricas, apaixonantes e que façam sentido para você, seus valores. Falarei aqui de algumas minhas e posso ir muito adiante, entrando no mundo da espiritualidade, da fé e da esperança, que também me constituem.

Nesse contexto quero compartilhar  as habilidades da DBT que utilizei durante os 10 dias mais críticos da minha recuperação. Tive impulsos de me revoltar, chorei, senti medo, dúvidas, me desesperei… e finalmente aceitei. Abracei, acolhi todas as minhas emoções, como minhas e válidas. Nos acarinhamos, nos reconciliamos e decidi seguir mesmo com elas ali presentes. Não lutei para muda-las, apenas reconheci, nomeei e aceitei.

Fui em busca do equilíbrio emocional e espiritual, lembrando das habilidades da DBT para diminuir a intensidade das minhas emoções e me conectando com a minha fé.  Precisava tolerar aquele mal estar, o medo, a dúvida e a dificuldade de respirar. Tive muitas conversas com minha mente sábia, perguntava o que precisava naquele exato momento, qual habilidade usar de acordo com meu estado emocional e corporal?!

Realizei muitas práticas de Mindfulness e de Aceitação Radical. Compartilho aqui uma delas, que me ajudava quando me percebia mais ansiosa, triste e temerosa, ou seja, a habilidade de Meio Sorriso (levantando levemente os cantos dos lábios como se fosse iniciar um sorriso) e Mãos Dispostas   (mãos sobre as coxas, com as palmas viradas para cima), onde me colocava numa postura de receptividade e disposição para receber o que estava vivendo. Outra prática que realizei foi de  relaxamento muscular progressivo (contraindo e relaxando as partes do meu corpo) e muitos banhos (na busca de uma mudança fisiológica e corporal).

Como habilidade de melhorar o momento escutei muitas músicas que me conectavam às minhas células, reforçando mentalmente meu sistema imunológico e “faxinando” meus pulmões da infecção. O Covid foi perdendo força e fui direcionando meus pensamentos para aspectos mais positivos e de cura, fui notando que meu corpo foi se restabelecendo e junto minhas emoções e pensamentos.

Me conectei profundamente com meus valores e com minha ação comprometida, para um futuro mais saudável e de autocuidado. Quis e quero viver!!! Mas uma vida que valha a pena ser vivida, com propósito, direção e muita compaixão e amor.

Decidi me disponibilizar a ajudar e conversar com pessoas que estejam passando pelo mesmo processo, compartilhar dessas habilidades e da minha experiência. Me chama!!!! Vai ser um prazer te escutar e te auxiliar para práticas das Terapias Comportamentais Contextuais nesse contexto  mundial e interno adverso. Te espero!

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Sobre o Autor
Vanessa Stechow
Psicóloga (PUCRS). MBA em Gestão de Pessoas com ênfase em Estratégia (FGV/RS), Didata em Dinâmica dos Grupos (SBDG) e qualificação como Analista PDA (Personal Development Analysis). Formação Internacional em Coaching Executivo Organizacional - Metodologia Ontológica Transformacional com Leonardo Wolk, em Líder Coach pelo ICI e The Coaching Clinic – Corporate Coach U. Formação em Coaching de Equ... ver mais

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