Nas últimas semanas, tenho refletido sobre um tema que atravessa constantemente a nossa vida: a necessidade de fazer escolhas. Estamos sempre decidindo, muitas vezes sem perceber, qual caminho seguir, como agir diante de situações inusitadas e de grandes decisões da vida. Algumas decisões ocorrem de forma automática, como quando pulamos um anúncio sem nem prestar atenção no que ele oferece. Outras decisões podem ser mais conscientes, como qual projeto novo de trabalho queremos iniciar.
As nossas escolhas são influenciadas por nossa história de vida, experiências passadas, emoções e valores. Se uma experiência foi positiva, tendemos a repetir aquela escolha; se foi negativa, temos a tendência de evitá-la. Criamos hábitos que tornam certas decisões quase inconscientes. Os sentimentos intensos, como medo ou confiança, podem nos direcionar para um caminho ou outro. Além disso, nossas referências e repertório moldam nossas decisões. Por exemplo, se já experimentei diversos esportes, terei mais clareza para escolher aquele que mais gosto.
Por vezes, tomar decisões pode se tornar um grande desafio, entramos em conflito interno, tentando evitar sentimentos desagradáveis ou buscando certezas que, claramente, não existem. São nesses momentos que a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) me auxilia a lidar com a complexidade dessas escolhas.
Na ACT, um conceito essencial para lidar com as escolhas é a abertura, ou seja, estar disposto a viver os pensamentos, emoções e sensações sem afastá-los ou não entrar em contato com eles. A abertura permite que não fiquemos presos a padrões rígidos de comportamento ou decisões automáticas, mas sim que possamos agir de forma consciente e congruente com os nossos valores.
Se, por exemplo, sinto tristeza de forma muito intensa ao encontrar familiares devido ao luto de um familiar, posso escolher não estar presente em reuniões de família. Assim, acabo momentaneamente evitando sentir essa emoção de tristeza. Mas posso escolher estar aberto para vivenciar essa emoção negativa, estando presente em encontros com familiares, desse modo, agindo de forma a nutrir relações que são importantes para mim.
A abertura significa estar disposto a sentir o que cabe na experiência, observar os pensamentos que surgem sem julgá-los e permanecer consciente do momento presente. Estar aberto não é o mesmo que gostar de sentir emoções desconfortáveis, mas sim aceitar sua presença sem deixar que as emoções ou pensamentos nos impeçam de agir conforme o que realmente importa em nossa vida.
Estar aberto é uma escolha. E essa escolha, feita repetidamente, nos permite viver mais conectados com quem queremos ser e de forma mais autêntica.
O que é realmente importante para você? E como você pode escolher se aproximar disso?