Tenho vivido uma experiência incrível; coordenar o Treinamento de Habilidades DBT para Pais e Familiares de pessoas com Desregulação Emocional. E neste trabalho a validação tem sido o tema central, porque mobiliza e co-responsabiliza todos os envolvidos. Saber escutar, compreender, acolher e principalmente controlar o impulso de aconselhar e resolver o problema do outro é um constante desafio.
O impulso de todo pai ou familiar é evitar que o filho sinta dor e frustração (eu mesma já tive esse impulso de ação muitas vezes), o que é muito natural, já que normalmente são as pessoas mais importantes de nossas vidas. No entanto, eis aí o primeiro engano, pois o que é mais efetivo é ajudar nossos filhos a treinar a tolerância à dor ou mal estar, ajudá-los a fortalecer a “musculatura emocional”. Como? Com muita prática e exercício de habilidades. Assim como fazemos quando vamos à academia fortalecer nossos músculos, uma única vez não basta, precisamos persistir, com disciplina, determinação e muita experimentação.
Para isso acontecer é importante criar um contexto favorável, de acolhimento, aceitação e abertura. Compreendendo que todos estão fazendo o melhor que podem, que todos querem melhorar e que todos necessitam se esforçar para atingir as mudanças ou metas desejadas. E é justamente dessa dialética entre Aceitação e Mudança que trata a Terapia Comportamental Dialética (DBT).
Portanto, quando estamos falando de Aceitação, falamos de habilidades de mindfulness e validação, um desafio nesse ambiente de pais e familiares, pois o impulso de resolução de problemas pula na frente, muitas vezes sem considerar a dialética, que, para mudar, é necessário aceitar e vice-versa. Por isso habilidades de mindfulness, STOP e muita respiração ajudam muito nesse início de aprendizagem e práticas de validação.
Quando estamos praticando a validação, abrimos espaço para o diálogo e fomentando a comunicação. A validação constrói confiança, pois a experiência de ter alguém que escuta e aceita a expressão das suas emoções gera intimidade no vínculo. A validação gera autoestima e diminui a sensação de isolamento, acompanhamos a dor emocional do outro e podemos tolerar um pouco mais. A validação encoraja a experimentar e aceitar os sentimentos, pois a aceitação das emoções é um modo de não agregar mais sofrimento à dor existente. A validação baixa a ativação emocional, pois existe alguém ali quem escuta, entende, não nega e não ignora ou presume que o outro está equivocado. Concluindo, a validação é um ato profundo de aceitação das respostas emocionais, um exercício de observação, empatia e atenção plena.
Validar não é dar, elogiar, consolar ou oferecer soluções. Não é necessário entender nem compreender o que alguém está sentindo para validar. É suficiente aceitar o que alguém está sentindo. Não é necessário saber as razões que o levaram ao atual estado emocional. Não é necessário estar de acordo ou em desacordo com as percepções de alguém para validar. Não se tem que reagir a uma situação da mesma forma que alguém para validar. A resposta emocional de cada pessoa sempre é válida.
No entanto, não valide o que é inválido. O que sempre é válido? As emoções que a pessoa sente. O que não é válido ou raramente é? As mentiras, argumentos ilógicos, ameaças ou pedidos excessivos, condutas violentas (insultar, bater, quebrar objetos).
E nessa dança das relações entre pais e filhos é possível a construção de um futuro melhor, em direção a uma vida que valha a pena ser vivida.