Estamos nos primeiros dias de dezembro. Estamos no início do último mês do ano. Perspectivas diferentes de um mesmo evento. Inicio este texto com um convite para uma pausa. Um exercício de consciência e de tomada de perspectiva do seu ano. Não sobre o ano de todos, não sobre este 2020 pandêmico que marca a vida e a história de toda a humanidade, e sim do seu ano. Um convite para olhar, com seus “olhos de dentro” para as suas experiências, os seus processos, os seus movimentos, as suas escolhas durante o ano que passou.
Você mudaria algum caminho que decidiu tomar? Seguiria por onde está? Mudaria alguma rota? Faça uma pequena pausa. Respire fundo. Estas perguntas não têm por objetivo duvidar das escolhas feitas, ou estimular arrependimentos. Jamais. Nós sempre fazemos o melhor que nós podemos a cada momento. Isto quer dizer que naquele momento, de alguns meses atrás, o ‘você que estava lá’ avaliou aquele como o melhor caminho. O ‘você que está aqui e agora’, observando o ‘você que estava lá atrás’, pode ter outra perspectiva sobre a mesma cena. Não se julgue. Apenas observe suas escolhas de lá e como elas são agora, se ainda fazem sentido ou não. Se você se sente arrependido, está tudo bem, você pode mudar o caminho agora. Seus passos vão valer a pena sempre que estiverem aproximando você do que realmente importa na sua vida. Nova pausa. O que realmente importa para você?
Olhando para o seu ano, talvez seja útil perguntar a si mesmo: quais foram os “sim” que eu dei? Sim para mim? Para os meus sonhos? Para o meu tempo? Sim para o amor, para as pausas, para ler. Para a natureza, para sair e caminhar desfrutando cada presente que ela nos oferece. Para o pôr do sol, para o céu, azul ou cinza, por que os dias cinzas também têm suas funções. Sim para um café virtual com as amigas, para dançar em casa, para tornar uma live musical em uma festa. Para correr riscos e se sentir livre, para conexões humanas. Sim para a higiene do sono e para o ioga. Para a meditação. Sim para a maternidade, para a família. Sim para a vida que eu quero ter, para a pessoa que eu quero ser.
E quais foram os “não” que eu dei? Não para o que desvia da direção que faz sentido para mim. Não para seguir “picotada” com milhões de tarefas para cumprir. As tarefas que são unicamente “para cumprir” não têm mais espaço em mim. A vida agora pede “para quês” com mais sentido. O que for só “para cumprir” não é mais suficiente. Não para ser ‘escrava’ das redes sociais. Não para precisar estar lá muito mais vezes ao dia do que entendo ser um ponto de equilíbrio. Não para as estratégias que trazem resultados mas que ‘escravizam’.
Na estrada das escolhas, não há ‘certos’ e nem ‘errados’. Há, sim, rotas com sentido, que enchem nosso coração e fazem nosso olho brilhar, rotas por vezes dolorosas, mas que valem muito a pena. Há, também, rotas esvaziadas, daquelas em que caminhamos com o peito anestesiado, que não vibra e não sofre, apenas segue indo conosco.
Que possamos, na estrada da vida, caminhar na direção do que brilha nosso olhar, ainda que hajam pedras e dores, porque haverão.
Com carinho, Martha…
… Este texto busca trazer reflexões para uma vida com mais sentido para cada um de nós, por meio de conceitos das Terapias Contextuais.