Olhando para as experiências difíceis que emergem no final do ano

Então é Natal, e o que você fez? 

 

Brincadeiras à parte, só para citar aquela musiquinha famosa dessa época, à medida que nos aproximamos do final do ano começamos a refletir sobre o ano que passou. Esse processo é muito particular e pode ser que você experimente um misto de emoções diferentes, alegria por vivências valiosas, tristeza pelas perdas que teve ou por objetivos que não foram alcançados e assim por diante. 

Como você lida com essas experiências? Você se abre para elas, aceita sua presença, busca entender o que essas emoções estão lhe comunicando? Ou você se esquiva, tenta suprimi-las ou eliminá-las?

Se você se nota fugindo dessas experiências, é compreensível. É desconfortável olhar para isso, pois muitas vezes são vivências que nos colocam em contato com emoções desconfortáveis, pensamentos difíceis e sensações corporais incômodas. Então por que fazer isso? Vou trazer um ponto de vista sobre o assunto:  

As nossas emoções nos comunicam informações valiosas, essa inclusive é uma das suas funções adaptativas necessárias para a nossa sobrevivência. Se uma pessoa sente medo, esse medo comunica que há uma situação de ameaça. A partir dessa comunicação, nossas emoções nos direcionam para uma ação visando atender a necessidade presente. No caso do medo, nos impulsiona a lutar ou fugir para enfrentar a ameaça, por exemplo.

Agora voltando para as reflexões de final de ano, o que a emoção que surge está lhe comunicando? Você está disposto a escutar, mesmo que seja desconfortável olhar para isso? O que essa emoção precisa? Você pode atender a essa necessidade?

Talvez você tenha lido até aqui e ainda ache essa ideia um tanto abstrata. Vou tentar clarificar mais trazendo um exemplo meu: nesse final de ano eu refleti muito sobre o meu eu profissional, meus valores como terapeuta e como quero praticar o meu trabalho. Essa autorreflexão foi difícil, porque fez eu notar que eu estava distante de uma abordagem teórica que faz muito sentido para mim, fez com que eu experimentasse confusão e tristeza por ter passado tanto tempo longe disso. E ao me permitir olhar para isso, pude sentir essas emoções, sofrer por não estar onde gostaria, ao mesmo tempo que pude validar minha jornada e entender que eu precisava viver tudo isso para chegar onde eu estou, porque foi assim que as coisas aconteceram. A partir disso, também consegui me reconectar com essa abordagem importante para mim e me inscrever em um curso que me aproxima mais dessa prática.

Pude fazer todo esse movimento, porque me permiti olhar para esse desconforto e descobrir o que eu precisava explorando minha experiência. E você? O que você precisa? Está disposto a olhar para isso?

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Sobre o Autor
Mariana Sanseverino Dillenburg
Mariana Sanseverino Dillenburg - CRP 07/27708 Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre em Psicologia Clínica pela PUCRS na área da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Especialista em Terapias Comportamentais Contextuais pelo CEFI/CIPCO. Possui treinamento em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pelo CEFI. Experiência com atendimen... ver mais

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