O que precisamos quando não estamos nos sentindo bem

Às vezes, não estamos nos sentindo bem, acontece, o trabalho está estressante, muitas demandas, algum conflito com outra pessoa, ou simplesmente naquele dia sentimos que acordamos com a “pá virada”. Por vezes não estamos nos sentindo bem naquele dia, outras vezes parece que essa sensação nos acompanha por um tempo maior. No texto de hoje vou falar um pouco sobre formas de acolher quem não está passando por uma fase boa ou não está num dia bom.

Assim como nós sentimos isso, as pessoas a nossa volta também têm dias ou fases assim e vem conversar com a gente sobre isso. Nesses momentos, se queremos genuinamente ajudar, precisamos estar atentos a identificar qual é a necessidade da pessoa, o que ela está me pedindo? 

O sofrimento é difícil e é difícil ver pessoas com quem nos importamos sofrendo. Então, às vezes, sentimos um impulso de tirar a pessoa daquele problema e tentar resolver a situação. É compreensível que sintamos isso, mas pode ser que isso não seja o que a outra pessoa precisa ou gostaria de receber e, se agirmos dessa forma, ela pode se sentir invalidada ou não escutada.

Vamos pensar na seguinte situação, uma pessoa chega para um amigo e comenta: “Nossa, estou me sentindo muito estressada no meu trabalho, não aguento mais”. O amigo, querendo ajudar, responde: “Larga esse trabalho, se você não está dando conta, melhor sair, você não precisa disso”. Talvez não pareça que tenha algum problema com essa resposta, mas vamos olhar para o que a primeira pessoa falou novamente: ela pediu uma opinião? Pediu ajuda sobre o que ela deveria fazer? Ou só compartilhou o que a estava incomodando? 

Isso quer dizer que a pessoa não quer uma sugestão do que ela pode fazer nessa situação? Não, não quer dizer isso, mas para eu ter certeza disso eu preciso checar com a pessoa primeiro para saber o que ela precisa: apenas uma escuta ou uma ajuda para resolver a situação. Então, caso a pessoa não tenha deixado claro a sua necessidade, posso perguntar algo do tipo: “Nossa amigo, que situação difícil, do que você precisa nesse momento?” ou “você quer que eu dê minha opinião ou quer só desabafar?”. Dessa forma a pessoa me direciona para a sua necessidade e aumenta a probabilidade de eu ser assertivo com ela.

Acho importante lembrar que isso não quer dizer que não possamos ajudar de forma mais ativa alguma pessoa próxima que notamos estar com um nível de sofrimento muito intenso, que já está trazendo prejuízos importantes nas áreas de sua vida (como trabalho, saúde, relacionamentos…), ou que possa estar em risco de atentar contra a própria vida. Nesses casos, pode ser que a pessoa não esteja com juízo crítico para tomar suas próprias decisões naquele momento e posso conduzi-la até um serviço de saúde (em casos mais emergenciais) ou sugerir que ela busque uma ajuda especializada. 

Mas frequentemente não é esse o caso, muitas vezes são sofrimentos que fazem parte da vida e que não precisam ou não podem ser resolvidos naquele momento. Às vezes, o pedido é só um desabafo, um acolhimento. Nesses casos a melhor coisa que podemos dar para a pessoa é isso, escuta e amor, saber que tu está ali para ela e que ela pode contar contigo. É tão simples assim, a pessoa só precisa de amor.

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Sobre o Autor
Mariana Sanseverino Dillenburg
Mariana Sanseverino Dillenburg - CRP 07/27708 Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre em Psicologia Clínica pela PUCRS na área da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Especialista em Terapias Comportamentais Contextuais pelo CEFI/CIPCO. Possui treinamento em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pelo CEFI. Experiência com atendimen... ver mais

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