Descrevendo as Terapias Comportamentais Contextuais

Em minha última supervisão me senti instigada a treinar como explicar o que faço, a linha teórica que sigo e as abordagens das Terapias Comportamentais Contextuais para meus novos clientes ou pessoas que perguntam sobre o meu trabalho. E isso acontece seguidamente. Gostei da provocação e vou aproveitar esse momento para realizar esse treino aqui com vocês.  Afinal, o que são as Terapias Comportamentais Contextuais?

Nas minhas pesquisas encontrei essas explicações: As Terapias Comportamentais Contextuais são um conjunto de abordagens terapêuticas baseadas em evidências que se concentram em ajudar as pessoas a aceitarem e, consequentemente, mudarem a forma como pensam, sentem e se comportam em relação a suas experiências internas e externas. Essas terapias são chamadas de “contextuais” porque levam em consideração o contexto em que o comportamento ocorre, incluindo a história de vida da pessoa, a cultura, as relações interpessoais e o ambiente em que ela vive.

Algumas das Terapias Comportamentais Contextuais mais conhecidas (e que eu utilizo na minha prática clínica) incluem a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), a Terapia Cognitivo-Comportamental Baseada em Mindfulness (MBCT), a Terapia Comportamental Dialética (DBT), a Psicoterapia Analítica Funcional (FAP), a Terapia Focada na Compaixão (CFT) e a Terapia Comportamental  Integrativa de Casais (IBCT).

Eu explico assim: Uma série de abordagens que tem como foco a análise do comportamento  humano, o que funciona e é importante para a pessoa num determinado contexto. Se pensarmos em DBT o objetivo é ter uma vida que valha a pena ser vivida, se pensarmos em ACT uma vida mais conectada com a pessoa que se quer ser e com as coisas que são importantes para si, com abertura e disposição para se conectar com seus pensamentos e emoções dolorosas, notando no exato instante em que ocorrem. E, por fim, se questionar se estas emoções ou pensamentos te afastam ou te aproximam da pessoa e das coisas que são importantes para ti.

Trabalhar com DBT e/ou ACT pressupõem trabalhar com FAP, a qual evoca nos clientes a consciência, o amor e a coragem para lidar com suas dificuldades, a partir da conexão e modelo da relação terapêutica. Como devem ter percebido não podemos seguir em nenhuma das abordagens sem entender e exercitar o Mindfulness (Terapia Baseada em Mindfulness), essa capacidade de estar no momento presente e, a partir dessa ação, fazer escolhas conectadas com seus valores.

Uma visão geral propõe que a ACT se concentra em ajudar as pessoas a aceitarem seus pensamentos e sentimentos sem tentar controlá-los ou evitá-los, enquanto se comprometem com comportamentos orientados para o que realmente importa na vida da pessoa. A MBCT ajuda as pessoas a se tornarem mais conscientes do presente momento, sem julgar, e a desenvolverem habilidades para lidar com pensamentos negativos e emoções difíceis. A DBT se concentra em ajudar as pessoas a regular suas emoções e a desenvolver habilidades interpessoais para melhorar seus relacionamentos. A FAP se concentra em ajudar as pessoas a mudarem seus comportamentos problemáticos, usando as relações interpessoais, principalmente a terapêutica, como uma potente ferramenta para a mudança. A CFT é uma terapia que enfatiza a compaixão como uma habilidade para melhorar a autoestima e relacionamentos interpessoais saudáveis. A IBCT sugere integração entre a mudança e a aceitação, utilizando treino de habilidades de comunicação e de resolução de problemas, incorporando a flexibilidade psicológica, gerenciando incompatibilidades ou diferenças que parecem irreconciliáveis para os cônjuges. A aceitação intrapessoal e interpessoal associada à empatia são diferenciais da IBCT.

Essas terapias são frequentemente usadas para tratar uma variedade de problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão, transtornos alimentares, dependência química e transtorno de personalidade borderline.  As Terapias Comportamentais Contextuais são baseadas em uma abordagem colaborativa entre o terapeuta e o cliente, em que o objetivo é ajudar o paciente a desenvolver uma compreensão mais profunda de si mesmo e do mundo ao seu redor, para que ele possa fazer escolhas mais conscientes e saudáveis em sua vida.

Se você está buscando uma psicoterapia baseada nesta abordagem, espero ter contribuído com seu entendimento, mas se você é um terapeuta que pratica ou quer utilizar essas abordagens, desafio a fazer o mesmo que fiz aqui e treinar a sua própria explicação.

Essa semana uma cliente me questionou: Porque temos que ficar tanto no presente? Você terapeuta comportamental contextual já se perguntou como responderia?

Até breve!!!

 

REFERÊNCIAS:

Lucena-Santos, P. Pinto-Gouveia, J. & Oliveira, M. S. Terapias Comportamentais de Terceira Geração: guia para profissionais. Orgs: Lucena-Santos, P. Pinto-Gouveia, J. & Oliveira, M. S. [et al.] – Novo Hamburgo : Sinopsys. 2015.

Ferreira, T.A.S, Oshiro, C.K.B. Terapias contextuais comportamentais: análise funcional e prática clínica. Santana de Parnaíba(SP): Manole, 2021.

 

 

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Sobre o Autor
Vanessa Stechow
Psicóloga (PUCRS). MBA em Gestão de Pessoas com ênfase em Estratégia (FGV/RS), Didata em Dinâmica dos Grupos (SBDG) e qualificação como Analista PDA (Personal Development Analysis). Formação Internacional em Coaching Executivo Organizacional - Metodologia Ontológica Transformacional com Leonardo Wolk, em Líder Coach pelo ICI e The Coaching Clinic – Corporate Coach U. Formação em Coaching de Equ... ver mais

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