A presença de altas taxas de suicídio no mundo é alarmante, tornando-se um problema de saúde pública, necessitando a instalação cada vez maior de terapêutica adequada para o seguimento destes pacientes, muitas vezes portadores de Transtorno de Personalidade Borderline, doença mental grave e de difícil manejo. Estes pacientes necessitam de suporte mais intensificado, podendo contar com o terapeuta e acessá-lo em períodos de crise para estabilização do quadro, diminuição da desregulação emocional, melhora e aumento dos períodos entre as crises, proporcionando ao paciente melhor manejo de suas emoções e maior adesão ao tratamento.
A intervenção por telefone denominada Coaching Telefônico, um dos pilares da Terapia Comportamental Dialética, inclui a checagem do humor do paciente, ambiente seguro, barreiras para continuar o tratamento e trabalha para aumentar a motivação e diminuir a resistência ao tratamento. Um longo e mais intensivo tratamento é necessário para aliviar o padrão de condutas-problema, necessitando assim do grupo de treinamento de habilidades aliado ao Coaching Telefônico para redução dos comportamentos de risco, melhorando a sobrevida destes pacientes.
Pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline apresentam com frequência condutas autolesivas e suicidas. O suporte de crises nestes pacientes de forma breve e o acesso sem limite de horário ao terapeuta antes da conduta problema, promovem maior controle dos episódios de desregulação emocional, proporcionando que o paciente faça uso das habilidades aprendidas no treinamento e generalize estas para sua vida, aumentando a qualidade desta.
O Coaching Telefônico é uma ferramenta de grande importância na administração de crises em períodos em que o paciente apresenta desregulação emocional, diminuindo, ao lado de outras estratégias em DBT, o número de admissões a serviços de saúde mental e internações psiquiátricas. Também auxilia na melhora do manejo das crises por parte dos pacientes, diminuindo assim, condutas como automutilação e comportamento suicida.
Prestar esse suporte telefônico ao acompanhar pacientes com comportamento autolesivo e suicida além de melhorar a administração das crises e reduzir o número de hospitalizações, também auxilia na adesão ao tratamento, aumentando o vínculo com o terapeuta. Desta forma, o terapeuta passa a fazer parte da rede de suporte ao paciente, diminuindo períodos de desestabilização e desregulação emocional, ensinando ao paciente novas habilidades para manejar seus sintomas e para diminuir o sofrimento psíquico.
Num estudo realizado em 2017 (Landes et al), constatou-se que dos serviços que ofereciam Coaching Telefônico, somente 11% realmente o faziam. Uma das barreiras em serviços de atendimento telefônico de suporte a pacientes com condutas autolesivas e suicidas é a implementação de consultoria por telefone fora do período útil de trabalho. O acesso ao terapeuta que se encontra disponível nas 24 horas para suporte de crises nos pacientes com desregulação emocional possibilita maior adesão ao tratamento, maior comprometimento deste paciente e estabilização mais duradoura dos sintomas de risco, entre elas, condutas de automutilação e comportamento suicida.
A quarta modalidade de tratamento da DBT (1. psicoterapia individual, 2. grupo de treinamento de habilidades, 3. reunião/supervisão da equipe, 4. Coaching Telefônico ), possibilita que os terapeutas DBT identifiquem e observem seus próprios limites pessoais para o Coaching. Estabelecer estes limites e regras promove aprendizados importantes para o paciente que, muitas vezes, apresenta dificuldade de estabelecer e respeitar limites nas suas relações, podendo generalizar este aprendizado para outras relações, a partir dos limites e regras do Coaching Telefônico, como acessar o terapeuta antes da conduta problema.
A possibilidade do paciente com desregulação emocional poder contar com o suporte do terapeuta em momentos de crise e desestabilização faz-se de grande importância na construção e solidificação do vínculo terapêutico, promovendo maior adesão ao tratamento,
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