Apresentando DBT + DBT PE

Há duas semanas atrás tive a oportunidade de fazer o Treinamento Intensivo em DBT PE – Protocolo de Exposição Prolongada da DBT para Transtorno de Estresse Pós-Traumático ( TEPT), com Melanie Harned e Annie McCall. Melanie foi a idealizadora, pesquisadora e criadora desse método de tratamento do Trauma com a Terapia Comportamental Dialética. Protocolo esse voltado para pacientes com alto risco e múltiplos diagnósticos, como suicidalidade, autolesão, dependência de substâncias, comer compulsivo, Transtornos de Personalidade Bipolar, Depressão, Dissociação entre outros. Adaptado da terapia de Exposição Prolongada para TEPT (Foa et al 2019), ocorrendo simultaneamente com a DBT Padrão e sendo conduzida pelo Terapeuta DBT individual.

Meu objetivo aqui é chamar atenção para essa realidade e essa modalidade de tratamento, ainda recente, mas com muitas evidências científicas. De acordo com Harned (2023), muitos pacientes DBT apresentam muitas histórias traumáticas durante períodos longos, sendo o TEPT um resultado comum, que gera intenso sofrimento, consequências paralisantes e de grande esquiva experiencial. Envolvendo-se em comportamentos de alto risco e autodestruitivos, restringindo, desconectando e limitando suas vidas.

Segundo Harned (2023) é importante oferecer uma psicoeducação sobre o transtorno de estresse pós-traumático, no pré-tratamento se for possível ou então em qualquer etapa da DBT. Em geral essa é uma conversa bem informativa e validante,  ajudando-os a entender que muitos dos seus problemas estão relacionados a traumas passados e não são falhas ou fraquezas pessoais.

Na etapa de pré-tratamento pode ser muito útil  introduzir o termo invalidação traumática para pacientes que o assunto parece ser relevante. Comportamentos invalidantes normalmente atacam o senso de si mesmo e a validade da pessoa. As mensagens recebidas é que são maus, errados, inferiores, inadequados, não importam,  não merecem cuidados, são incompetentes e inaceitáveis. E muitas vezes as respostas a esses comportamentos invalidantes também são invalidadas, o que aumenta o sofrimento. Reforçando crenças de que são pessoas más, inúteis e indignas de serem amadas, apresentando sentimentos intensos de vergonha e raiva de si mesmos.

Segundo Harned (2023), é menos arriscado tratar o TEPT do que não tratá-lo, por mais desafiador que seja. É improvável que o TEPT tenha remissão se não for tratado durante a DBT, sendo provável que piore outros problemas. De acordo com dados da pesquisa, a integração da DBT PE na DBT pareceu seguro e efetivo para o tratamento dessas graves comorbidades.

O mais lindo foi escutar, ao final do treinamento, Melanie emocionada agradecendo aos terapeutas ali presentes pela coragem de estarem dispostos a trabalhar com temas tão sensíveis e difíceis, mas que com certeza transformarão vidas. Foi realmente um presente aprender com elas.

Quer saber mais? Me chama! Vai ser um prazer conversarmos a respeito.

Sobre mim? Entusiasmada e motivada a continuar estudando e trabalhando com a DBT PE.

 

REFERÊNCIAS:

Harned Melanie S. Tratando trauma com a terapia comportamental dialética: protocolo de exposição prolongada em DBT. Tradução técnica de Êdela Nicoletti e Vinícius Guimarães Dornelles – Novo Hamburgo : Sinopsys Editora, 2023.

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Sobre o Autor
Vanessa Stechow
Psicóloga (PUCRS). MBA em Gestão de Pessoas com ênfase em Estratégia (FGV/RS), Didata em Dinâmica dos Grupos (SBDG) e qualificação como Analista PDA (Personal Development Analysis). Formação Internacional em Coaching Executivo Organizacional - Metodologia Ontológica Transformacional com Leonardo Wolk, em Líder Coach pelo ICI e The Coaching Clinic – Corporate Coach U. Formação em Coaching de Equ... ver mais

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