Como você desperta?

Início do dia. Acordamos. Com o barulho do despertador, ou a luz do dia, ou mesmo com alguém nos chamando. Pode ser por escolha nossa ou não. Ou por estarmos comprometidos com pessoas ou coisas importantes. Esse momento ocorre repetidas vezes, com o passar dos anos. E como nós estamos presentes nesse momento? E logo depois? O que surge nos próximos instantes?

Alguns momentos após acordar, pensamentos podem invadir a nossa experiência, como aqueles do tipo ‘você está de novo atrasado’, ‘não dará tempo de fazer todas as tarefas antes de iniciar o trabalho’, ‘não descansei o suficiente’, ‘terei mais um dia cheio’, são os velhos conhecidos julgamentos ou críticas. Você pode perceber que seu corpo está disposto ou com algum desconforto. Ou mesmo notar um sentimento ali presente, como ansiedade ou alegria.

Perceber o que está acontecendo conosco e ao nosso redor com consciência e atenção é o que podemos chamar de atenção plena – ou mindfulness. Uma forma de viver, instante a instante, sem apegos às preocupações e lembranças. Conseguimos olhar de forma atenta ao aqui-e-agora e estar plenamente aberto e disposto a viver a realidade como ela é.

Este estado de atenção e consciência nos permite notar a experiência, os nossos pensamentos, sentimentos, sensações e informações que chegam até nós. Podemos acordar e perceber que estamos cansados, lembrar do encontro com amigos na noite anterior, notar a alegria presente. Ou podemos logo pela manhã saborear o aroma do café e notar o entusiasmo no nosso corpo.

A pratica de atenção plena nos auxilia a identificar as nossas necessidades e fazer escolhas com mais sabedoria.  Podemos aumentar nossa conexão com a alegria, prazer e bem-estar e, também, reduzir o sofrimento e estresse. Alguns elementos podem nos ajudar a praticar essa habilidade. O primeiro deles é a observação da experiência a partir das informações que os 5 sentidos captam. Observar com atenção e presença os eventos e nossas emoções, sem prolongar quando forem agradáveis ou interromper quando forem desconfortáveis.

O segundo elemento é a descrição do que é percebido, tanto as informações internas quanto do ambiente ao nosso redor. E o terceiro elemento, a participação, de forma genuína e espontânea na experiência. Preparar a primeira refeição do dia pode ser uma atividade automática, pensando em todos os compromissos da semana e coisas a resolver, sem olhar para aquilo que estamos fazendo. Ou, por um outro lado, podemos estar ali, engajados, conectados com os alimentos que desejamos ou as pessoas que estão conosco.

Para auxiliar na qualidade de presença podemos tomar o cuidado para fazer uma coisa de cada vez. Imaginemos uma cena: estamos tomando o café da manhã caminhando pela casa para arrumar algumas coisas, enquanto respondemos mensagens do WhatsApp. É provável que muitas informações passem desapercebidas. Estar comprometido com a diminuição dos julgamentos sobre a experiência e manter a atenção a aquilo que é mais valioso para nós são outros comportamentos que nos ajudam a estar disponíveis para o momento presente e praticar a habilidade de atenção plena.

E para você, o que mais pode ser percebido nesses primeiros momentos do dia?

Linehan, M. M. (2018). Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o paciente. Artmed Editora.

 

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Sobre o Autor
Ana Paula Domeneghini
Psicóloga (PUCRS - CRP 07/23571). Especialista em Terapias Comportamentais Contextuais Baseadas em Processos (CEFI). Especialista em Terapia Sistêmica Individual, Conjugal e Familiar (CEFI). Atua como psicóloga clínica com atendimento individual, familiar e conjugal. Membro da Equipe CEFI Contextus. ver mais

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