Beber Episódico Pesado e Comportamento Sexual de Risco

 O abuso de álcool contribui de forma assustadora para o aumento de doenças físicas e mentais, consolidando-se como um importante problema de saúde pública, ainda bastante minimizado pela população. Seguindo este contexto, estudantes universitários constituem-se como um dos grupos com os maiores escores de associação com episódios de binge drinking, conceito que define o beber episódico em grande quantidade. Pesquisas recentes evidenciaram clara relação entre o beber episódico pesado com aumento de condutas de risco, problemas de saúde, sexo desprotegido, problemas sociais e psicológicos.
Entre os estudantes norte-americanos, o maior problema de saúde encontra-se no uso de substância, sendo o álcool, a substância mais amplamente utilizada. Pesquisas recentes têm mostrado que para ser mais indicativo de um episódio de binge drinking, há um estilo de ingesta de álcool caracterizado por frequência e quantidade maior, intoxicação e o beber até ficar alcoolizado, num período estabelecido por 2 semanas.
O processo denominado de binge drinking foi definido como 5 ou mais doses de bebida alcoólica para homens e 4 ou mais para mulheres, num período de poucas horas, dentro de 2 semanas. A frequência de uso variou de: nunca, uma vez, duas vezes, três vezes, 3-5 vezes, 6-9 vezes, 10 ou mais vezes. Uma revisão mais generalizada identificou uma forte associação entre comportamento de risco e uso de substância como uma das grandes problemáticas de conduta
Estudantes universitários são o grupo de maior relação com o beber episódico pesado. Estudos evidenciaram clara relação entre uso de álcool e envolvimento em danos a si próprio, problemas de saúde, problemas psicológicos, sexo sem proteção e sem planejamento. Mais de 1 em 10 adultos jovens são bebedores pesados e cerca de 2 em 5 entram na classificação binge drinking, cerca de 40% dos estudantes universitários são identificados como binge drinkers. O grupo que constitui mais envolvimento com a associação de uso de substâncias e comportamento de risco é formado por estudantes universitários elitizados.
A associação entre beber episódico pesado e sexo desprotegido em estudantes universitárias é bastante significativa, promovendo maior risco de gravidez indesejada e aborto. Outro dado bastante relevante é que mesmo as universitárias tendo conhecimento da necessidade de contracepção, pouco fizeram uso desta e envolveram-se em comportamento sexual de risco.
O álcool constitui-se como um claro fator de risco para doenças sexualmente transmissíveis, entre elas, o HIV. A associação estabelece-se entre relações sexuais com múltiplos parceiros, ingesta alcoólica, importante risco de contrair HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis
Binge drinking foi associado a um grande número de relações sexuais com penetração, sem preservativo. Denotou-se também que universitários solteiros com binge drinking envolveram-se em maior número de relações sexuais com parceiros desconhecidos.
Binge drinking encontra-se como um problema de saúde pública primordial e com a necessidade de políticas de prevenção primária, com o objetivo de diminuir doenças relacionadas à esta conduta e índices de mortalidade.

1. Lee MJ; Bichard SL. Effective Message Design Targeting College Students for the Prevention of Binge Drinking: Basing Design on Rebelious Risk-Taking Tendency. Health Community. 2006.
2. Connor J et al. Risky Drinking, Risky Sex: A National Study of New Zealand University Students. Alcoholism: Clinical and Experimental Research vol. 37 nº 11. New Zealand, November, 2013.

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Sobre o Autor
Cláudia da Rosa Muñoz
CRM 30457 Médica graduada pela UfPel, psiquiatra pela Fundação Universitária Mário Martins, Título de Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria, Curso de Aperfeiçoamento em Terapia Comportamental Dialética pelo CEFI/CIPCO e de Especialização em Terapias Comportamentais Contextuais na mesma instituição. Participou de treinamento intensivo em Terapias Contextuais real... ver mais

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