Aprendendo a notar quando nossa mente nos fisga

Você já parou para pensar que nós humanos vivemos em dois mundos? Um deles podemos nomear de mundo interno, que é o mundo da nossa mente onde estão nossos pensamentos, emoções, sentimentos, memórias. O outro é o mundo externo, o qual percebemos através da nossa audição, visão, olfato, paladar e tato.

Ao longo da evolução, nós aprendemos a controlar as coisas do mundo externo para resolver nossos problemas e facilitar nossas vidas. Por exemplo, quando estamos andando de carro e o pneu fura, descemos do carro, trocamos o pneu e o problema está resolvido. E sobre o mundo interno? Será que é possível controlar o que pensamos e o que sentimos? 

Alguma vez você já se percebeu pensando sobre algo que não gostaria de pensar? Como quando estamos trabalhando e não conseguimos parar de pensar nas próximas atividades que temos que cumprir até o fim do dia e, quanto mais tentamos não pensar sobre ou afastar esses pensamentos, ficamos cada vez mais presos.

Nesse texto iremos falar sobre como algumas vezes ficamos presos no nosso mundo interno, lutando contra sentimentos e pensamentos que não gostaríamos de ter, tentando controlá-los. Para isso, vamos apresentar uma metáfora sobre peixes e pescaria. 

O que sabemos sobre pescaria é que os pescadores sabem que diferentes tipos de peixes mordem diferentes tipos de iscas e que um mesmo  peixe pode morder diferentes iscas. Porém, o que realmente prende o peixe é o anzol, que está “por trás” da isca. E o que um pescador faz quando um peixe morde o anzol é puxar a linha para tirá-lo da água. E como o peixe sabe que mordeu um anzol? Ele percebe que está sendo puxado para uma direção oposta à que ele estava nadando antes.

Se pararmos para pensar, nós humanos também mordemos nossos anzóis que nos puxam para uma direção contrária a que estávamos indo antes. Nesse caso, esses anzóis são os pensamentos e sentimentos que fazem com que fiquemos presos no nosso mundo interno, deixando de fazer aquilo é  importante para nós mesmos. 

Um exemplo disso é quando, sem querer, quebramos uma xícara no café da manhã e ficamos durante o resto do dia presos no anzol dos pensamentos “eu sou muito desastrado mesmo”, “não sei fazer nada direito” ou até mesmo, “tudo dá errado para mim” e o puxar do anzol nos afasta de realizar as tarefas que tínhamos planejado para aquele dia da maneira como gostaríamos. Ou quando vamos a uma festa e ficamos presos no anzol da ansiedade e da preocupação, e o puxão desse anzol nos impede aproveitar a companhia das pessoas à nossa volta e as músicas que estão tocando.

Você deve estar se perguntando “Mas como me livro desses anzóis?” Como já vimos antes, não conseguimos controlar nosso mundo interno, ou seja, os nossos anzóis – pensamentos e sentimentos – sempre vão estar ali conosco. Mas se não podemos nos livrar definitivamente dos anzóis, o que podemos fazer é notar quais são esses anzóis, aquilo que nos deixa preso no mundo interno, e também aprender a nos desprender deles. Uma maneira de fazer isso é perguntar-se “em que direção eu estava indo antes desse anzol aparecer?” Se você estava indo na direção de algo importante para você e subitamente saiu desse caminho, provavelmente tem um anzol aí.

Depois de notarmos quais estão sendo nossos anzóis, vem o momento de nos desprendermos dele. Para isso, é importante que tentemos não fugir ou lutar contra eles. Por que não lutar? Bem, vamos voltar a pensar nos peixes para entender isso. Depois que eles são fisgados por um anzol, se eles nadam contra a direção que estão sendo puxados, o que acontece? O “buraco” criado pelo anzol fica ainda maior, o ferimento fica pior e o sofrimento também. Do mesmo modo, quando lutamos contra nossos anzóis é bem provável que fiquemos cada vez mais presos nesse círculo vicioso, aumentando ainda mais aquele “ferimento” que já está sendo dolorido. Por isso, não lutar contra os anzóis permite que a gente consiga voltar “a nadar” na direção daquilo que é importante

Então, da próxima vez que você se ver fisgado por um anzol, te convidamos a experimentar não lutar contra ele. Veja se isso ajuda a voltar a nadar em direção àquilo que você considera valoroso.

 

Este texto é de autoria das estagiárias da equipe CEFI Contextus – Karina Guerin e Laura Grätsch

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Sobre o Autor
Lucas A Schuster de Souza

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