Não, isto não é um ataque ao carnaval nem aos foliões de plantão. É só para aumentar as chances de você querer ler este texto… 🙂 Acho super bacana, coisa boa desfrutar de carnaval, festa, sol, calor, cerveja/caipirinha/o que preferir… quantas palavras que se associam e que dão água na boca de quem curte tudo isso!!!
Sem dúvida este é um período de muita festa e muita alegria para os foliões de plantão. O planejamento diário envolve “quantas cervejas levar? como manter gelada?”, para aqueles que já saem carregados de casa, e “qual o melhor lugar para comprar bebida no meio da folia?”, para os que se abastecem lá. Claro que para muitas pessoas muitos outros planos são feitos sobre o que levar e o que usar, desde insumos que nos protegem, como água, protetor solar, boné, até aqueles que para alguns “potencializam a festa” e para outros, que olham de fora são “detonadores de vida”: substâncias como lança perfume, LSD, cocaína e por aí vai…
A intenção aqui não está em julgar nenhum comportamento, tão pouco em fazer apologia anti carnaval, antidrogas, está apenas em dar luz a estes comportamentos e aos lugares e tempos que ocupam nas nossas vidas. O ano inteiro, não somente no carnaval. Pobre carnaval, está aqui apenas como um “estereótipo”, uma inspiração pela data em que este texto me é demandado. Estou usando o carnaval como uma metáfora (me perdoem os foliões, eu gosto de carnaval, mas bebo mais água do que outra coisa) deste viver só alegrias, cantar, dançar, rir, se divertir, se fantasiar e então ser quem não se é por alguns momentos, beber como se não houvesse amanhã e ter planos de curto prazo. O que vou vestir? O que vou levar? Que bloco vou amanhã? E está tudo bem ter planos a curto prazo, nós precisamos deles para planejar, por exemplo, o que vamos comer amanhã, o que vamos vestir. O ponto é que viver nesse ritmo de carnaval, nessa metáfora da curtição e dos planos a curto prazo o ano inteiro tem suas consequências – e talvez não aquelas que desejamos verdadeiramente para nossas vidas.
Viver a vida inteira no curto prazo significa comer sempre o que eu quero, por que é o que estou com vontade, e não importa o quanto, o como eu como e muito menos se eu deveria comer aquele alimento em função de alguma condição de saúde (ex: ter diabete e comer doce todo dia). Viver o curto prazo o ano inteiro é atender aos meus prazeres imediatos, não saber esperar, satisfazer meus desejos do aqui e agora sem medir as consequências do longo prazo. Por exemplo, comprar tudo o que eu quero sem medir se poderei pagar, comer todo doce que eu quero sem considerar a diabete e os prejuízos que vem com isto, beber tudo o que tenho vontade e na frequência que tenho vontade sem considerar as consequências disto para a minha vida e para a vida das pessoas a minha volta.
A grande “sacada” é percebermos (graças ao legado do grande pai do Comportamentalismo Radical, Burrhus Frederick Skinner e dos seus discípulos antigos e atuais) as diferenças entre as consequências de curto prazo e de longo prazo nos nossos comportamentos. Vamos observar que as de curto prazo são muito poderosas, frequentemente responsáveis pela manutenção do nosso comportamento (infelizmente!). O homem que tem diabete se delicia com 4 fatias de pudim de leite condensado e fica super faceiro nos primeiros instantes (=consequência de curto prazo, neste caso denominada reforço positivo) e super aliviado da angústia que estava sentindo (consequência de curto prazo, reforço negativo). Como será que ele vai se sentir no médio e no longo prazo? Talvez arrependido? Triste? Que consequências este tipo de comportamento pode trazer a longo prazo? Cegueira? Perda da sensibilidade nas extremidades do corpo? Amputação de algum membro?
Se pensarmos em uma pessoa que faz abuso de álcool ou tem dependência desta substância, por exemplo, é possível que apresente alterações como uma cirrose, ou uma alteração cerebral causada pelo álcool, entre outros problemas graves que podem levá-la inclusive a ter que se submeter a um transplante hepático.
As consequências de longo prazo costumam ser complexas, significativas, geralmente estão relacionadas a coisas que são valiosas para nós, como ter saúde e segurança, mas como elas “demoram” para chegar e nós queremos tudo para o curto prazo, a gente corre o risco de se perder no caminho. Entendeu o “infelizmente” lá em cima? Colher consequências no curto prazo é ótimo, o problema é que somos tentados a fazer escolhas que nos tragam estas consequências de curto prazo e por vezes nos perdemos do que realmente importa para nós…
Este texto é um convite para esta reflexão: Qual percentual das suas escolhas e ações hoje colhe consequências a curto prazo? Quanto das suas escolhas e comportamentos hoje colherão frutos a longo prazo? Quais são os seus sonhos mais sinceros? O que você vem escolhendo fazer hoje vai ajudar nestes planos ou vai atrapalhar? De que forma sua vida seria diferente se sua relação com o álcool e/ou outras substâncias fosse diferente?
Se de alguma forma você vem se perguntando sobre como o uso/abuso de substâncias está presente na sua vida, ou se as pessoas que estão perto de você vem se preocupando com isto, vem com a gente:
GRUPO DE TREINAMENTO DE HABILIDADES DA TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA PARA USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS
Início: Março de 2020
Grupo de Treinamento de Habilidades em Terapia Comportamental Dialética para usuários de álcool e outras substâncias: Quintas-feiras, 11h45 às 13h30
Grupo de Familiares: Quartas-feiras, 19h às 20h45
Grupo de Prevenção à Recaída: Quintas-feiras, 19h às 20h45
Para maiores informações, entre em contato com: Andreia Podolano: (51) 99125-4368
Cláudia Muñoz: (51) 99672-8738