Já pensou como seria fácil se para cada problema houvesse uma receita simples que resolvesse tudo?
Mesmo sabendo que não há respostas prontas, vivemos buscando um passo-a-passo, preciso e exato, para solucionar os problemas da vida. E isso não é diferente com aqueles que vivem em busca de alcançar o peso ideal, o corpo perfeito ou de encontrar sua “autoestima”.
Enquanto terapeuta, acompanho o processo de diversas pessoas que chegam cansadas e desesperançosas ao consultório ou nos grupos de equilíbrio alimentar após uma longa luta contra a balança. Ao escutar cada história, vejo o quão árdua é essa batalha, onde de fato as pessoas encontram receitas prontas a serem seguidas — as famosas dietas –, as quais entretanto por pouco tempo conseguem seguir e manter os resultados alcançados. E a cada “derrota” o peso e insatisfação consigo só aumentam. É comum escutar projeções de que a vida só será melhor depois de alcançar a meta de emagrecimento, condicionando a oportunidade de ser/estar feliz à uma mudança física: “quando eu emagrecer vou me sentir bem”, “se eu pensar como gordo nunca vou mudar”, “não posso sair de casa desse jeito”… Mitos vão se tornando verdades incontestáveis e um looping de estagnação se instaura.
Não penso que seja fácil, e reconheço o quanto entristece e revolta carregar um estigma que atenta contra à sensação de se sentir bem no próprio corpo, talvez até contra o amor próprio, principalmente se esse amor considera a aparência física o principal fator a ser valorizado.
E para esses casos, o conceito de flexibilidade psicológica – um ponto de vista integrativo de processos psicológicos – vem sendo aplicado diretamente no contexto alimentar: a flexibilidade da imagem corporal. Esta se refere a como se estabelece a visão para a própria imagem, que pode ser mais ou menos rígida nos diferentes aspectos processuais.
E como podemos compreender esses processos?
Os seis processos podem variar, não dependem necessariamente um do outro, ao mesmo tempo que geram interferência entre si. Descubra o quanto podemos ser flexíveis em cada um destes pontos em relação ao próprio corpo:
- Podemos ter uma ideia congelada de si mesmo, como se olhássemos sempre para uma fotografia mental nos impedindo de reconhecer como o corpo está no presente (independente desta visão favorecer ou desvalorizar a si mesmo).
- Podemos focar todo nosso olhar apenas para aspectos que desgostamos do corpo, sem conseguir dar valor ou ver um sentido para ele ou até mesmo para a própria vida.
- Podemos ter uma visão determinista de si, ou seja, acreditar nos rótulos e estigmas que adquirimos através do aspecto físico, o famoso “eu sou assim!”
- Podemos agir conforme pensamentos associados à auto imagem, geralmente críticas e julgamentos de cunho pejorativo que avassalam qualquer um, tomando-os como fatos.
- Podemos ter nossos comportamentos direcionados para nos afastar das sensações desprazerosas e aterrorizantes que nos assombram, evitando espelhos, roupas bonitas, autocuidado…
- Ou em comportamentos que, com comprometimento, nos aproximam de uma relação amistosa com a própria imagem corporal.
Para este último item, um ingrediente especial vem fazendo muita diferença no alcance de resultados satisfatórios, inclusive de perda de peso. Este é uma especiaria, quase rara nos tempos atuais: a gentileza. Pesquisas vêm mostrando o impacto de uma visão compassiva e gentil para consigo nos processos de emagrecimento, facilitando uma visão flexível da imagem corporal.
Você já notou como trata aquilo que não gosta? E como faz para cuidar daquilo que é especial para você? A gentileza faz parte do seu cardápio?
Experimente e use sem moderação!