Hoje resolvi falar um pouco sobre um processo que eu tenho me engajado nos últimos anos e tem feito muito sentido para mim e me ajudado a viver de forma mais leve. Lembrando que estou apresentando aqui o meu ponto de vista e que pode não fazer sentido para todo mundo, mas compartilho ele aqui para quem possa ser útil.
Em muitos momentos da minha vida eu me vi me cobrando muito de que eu deveria desempenhar bem em todas as áreas possíveis: trabalho, família, relacionamentos amorosos, amizades, faculdade, etc. Minha mente me falava coisas do tipo: “deveria fazer melhor do que isso”, “eu não sou uma boa filha”, “deveria ser mais presente com as pessoas à minha volta”, “não estou trabalhando o suficiente”, “sou preguiçosa”, “eu não mereço isso”. Talvez você já tenha pensado isso também ou coisas similares. E é compreensível, essas áreas são importantes e a nossa mente fala o tempo inteiro. O problema é que eu comprava essas ideias que a minha mente me dizia achando que eram verdade e isso me trazia muito sofrimento.
Aqui você pode pensar algo do tipo: “ta, mas no meu caso eu realmente sou preguiçoso” ou “realmente não me esforço o suficiente”. Então pare um momento agora e note quem está falando isso para você. Exatamente, nossa querida mente dando aquele pequeno lembrete para não “afrouxarmos” e corrermos o risco de perdemos essas coisas importantes. Obrigada querida mente, também acho que essas coisas são importantes, mas esse tipo de crítica não me ajuda a me aproximar delas.
O que eu comecei a fazer então foi adotar uma postura mais compassiva comigo mesma, saindo um pouco do modo “cobrança” pelas coisas que eu não estava fazendo, e olhando com carinho para as coisas que eu já estava fazendo ou tentando fazer. Pode parecer simples, mas fez uma grande diferença porque ao invés de comprar o pensamento de “não estou fazendo o suficiente”, comecei a olhar também por outra perspectiva e pensar “eu sei que estou dando o meu melhor nisso” ou ainda “eu sei que estou fazendo o que me sinto disponível nesse momento”. E ao invés desse pensamento fazer com que eu me acomodasse e deixasse de realizar coisas importantes, ele me dava força e coragem para seguir em frente com elas, sem ficar presa na ideia de que eu não estava conseguindo.
E ainda, esse olhar compassivo também me possibilitou olhar valores meus que antes eu não me permitia olhar porque talvez, socialmente, eles não seriam tão aceitos ou não seriam o que a nossa sociedade ocidental prega. Por exemplo, reconhecer que pra mim é importante equilibrar minha vida profissional com outras coisas como fazer exercícios físicos, ter tempo de cozinhar. E que em prol desse valor eu posso abrir mão de algumas coisas como não ser a melhor profissional da minha área ou não ganhar tanto dinheiro porque não quero dedicar todo meu tempo para isso.
E está tudo bem eu querer isso. Se eu escutasse só o meu lado mais crítico, provavelmente ele não aprovaria isso, diria coisas do tipo “você é preguiçosa”, “você nunca vai ser ninguém na vida fazendo isso”, etc. E a questão é que se eu escutasse só esse lado e o obedecesse, talvez eu não me sentisse inteiramente realizada com essas conquistas, porque estaria abrindo mão de coisas muito importantes no processo. Ao escutar o meu lado mais compassivo eu posso olhar com mais clareza a vida que eu quero e me tratar com mais gentileza nessa jornada. Nem sempre eu consigo e nem sempre é fácil, enquanto eu escrevia esse texto, minha mente fazia várias críticas de que eu poderia ser julgada se escrevesse isso. Eu notei a minha mente e notei meu lado mais compassivo que me reforçou do porquê era importante para mim falar sobre isso.
Uma pessoa que foi fundamental para mim nesse processo (e para quem dedico esse texto no meu coração) me apresentou uma música do Los Hermanos que vai ao encontro dessas ideias e cujo um dos trechos é o título desse texto. Eu finalizo meu texto deixando o clipe dessa música e convido você a treinar essa escuta compassiva consigo mesmo e ver o que acontece.