EU NÃO TROCARIA ESTA DOR POR NADA NESTE MUNDO…


Foi uma das frases ditas pela maravilhosa “treinadora” de psicoterapeutas, Robyn Walser, que esteve no Workshop online promovido pelo Núcleo Cefi Contextus no último final de semana. Um workshop sensível e ao mesmo tempo “pé no chão”, que é, como eu entendo, uma forma flexível de lidar com as dores da vida. Sensível no sentido de se conectar com o outro, com os olhos, com o corpo inteiro. “Pé no chão” no sentido de não fugir da dor que está aí, na vida. Ela se referia à imensa dor pela perda de sua mãe quando disse que “não trocaria esta dor por nada”. Eu me arrepio só de pensar em perder meus pais. Sinto o coração apertado, acelerado, um nó no estômago, emoções que eu temo só de imaginar. Em paralelo, vem uma consciência – os pés no chão –  e a vontade de estar perto, de desfrutar a presença deles, do jeito que ela é, com as coisas que eu amo neles e com as coisas que eu me irrito neles. 

Escrever este texto me faz entrar em contato com esta dor que eu sei que um dia vou sentir – por isso “pés no chão”, por que vai acontecer, e imagino o quão devastadora vai ser. Ao mesmo tempo, aquela frase da Robyn Walser faz muito sentido para mim. Saber que a perda vai doer muito apenas “sublinha” o quanto eles representam para mim, o quanto são valiosos, o quanto eu os amo do jeito que eu os amo. Meu coroa gato, meu porto seguro e minha mamis linda e amorosa. Estão sempre lá. Será que eles sabem o quanto eu os amo? Será que eu faço eles se sentirem amados? Eu tento. Mas é que eu sinto de um jeito “tão grande” que agora me correm as lágrimas, a minha visão fica turva e eu tenho dúvida se consigo mesmo transmitir em gestos ou palavras. Vou ligar para eles assim que terminar o texto. Quero que recebam este amor. 

Ao me conectar com isso também me conecto com outras experiências dos últimos dias: os 7 anos da perda do meu avô paterno, nosso “veínho” (que já apareceu em outros textos meus aqui no blog) e a homenagem de uma das pessoas da família (alguém que eu amo muito e para quem tenho a liberdade de dizer o que eu penso). Ela escreveu que se pudesse estar ao lado dele na UTI nos seus últimos instantes de vida, daria as mãos, agradeceria o quanto ele era maravilhoso “sem deixá-lo perceber o que estava por acontecer”. O fim. Os “pés no chão”. 

Eu fiquei reflexiva com a mensagem dela e disse que “eu não trocaria a dor da saudade do vô por nada, por que a dor só nos diz o quanto ele foi importante e o quanto ele é presente”. “Plagiei” a Robyn, me perdoem, é no que eu acredito por mais que doa.

Um pouco da base teórica por trás desta escrita está na ACT, Terapia de Aceitação e Compromisso, que nos coloca como parte de seu ponto de vista a dor como parte da experiência humana, assim como a disposição e abertura para ela no contexto de uma vida guiada pelo que é importante para cada um: o valores. De forma simplista, se dói, é valioso.

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Sobre o Autor
Martha Wallig Brusius Ludwig
Martha Wallig Brusius Ludwig CRP 07/13821 Psicóloga graduada pela Pucrs. Atua como psicoterapeuta individual na clínica há 15 anos. Trabalha com capacitação e supervisão de profissionais da saúde (nutrição, enfermagem, psicologia) para melhorar motivação e adesão a novos comportamentos, assim como com orientação de grupos de treino de pais. Atuação com grupos interdisciplinares de mudança do e... ver mais

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