AS FERIDAS DO PASSADO INTERFEREM NA RELAÇÃO CONJUGAL?
A Terapia Comportamental Integrativa de Casal (Integrative Behavioral Couple Therapy – IBCT) propõe que, antes de iniciar o processo terapêutico, seja realizada uma adequada avaliação da relação conjugal, também chamada Formulação do Caso. Isto é extremamente importante tanto para o terapeuta, que necessita iniciar seu trabalho com questões básicas bem claras, quanto para o próprio casal que tem a oportunidade de saber, de forma clara, sobre o que está ocorrendo no seu relacionamento, visto que esta formulação também tem uma função de psicoeducação acerca da relação conjugal.
Há questionários que auxiliam neste processo, bem como a realização da Formulação DEEP. Esta palavra, em inglês, significa ‘profunda’, e também é apresentada como um acrônimo, no qual cada letra representa um aspecto importante a ser avaliado: o ‘D’ se refere às diferenças que cada cônjuge tem, de personalidade, de maneiras de lidar com as emoções, de resolver conflitos; o primeiro ‘E’ se refere às vulnerabilidades emocionais que todos trazemos da nossa história de aprendizagem, tanto da família de origem, quanto de relações anteriores; o segundo ‘E’ representa os estressores externos que podem estar influenciando na atual crise conjugal e, por fim o ‘P’ se reporta ao padrão de comunicação, pelo qual o casal tenta resolver os problemas, mas termina por dificultar ainda mais a situação, visto que é um padrão de interação repetitivo e disfuncional, também aprendido ao longo da vida.
Neste texto vou focar no primeiro ‘E’, nas vulnerabilidades, ou sensibilidades emocionais. Escolhi este aspecto por entender que é muito importante que as pessoas tenham mais consciência da influência deste ponto e, consequentemente, mais atenção e possível compreensão nos momentos de dificuldades conjugais. É importante que possamos esclarecer para nós mesmos e compartilhar com nosso(a) parceiro(a) a compreensão de nossas feridas. Isto permite que o casal entenda melhor como os ferimentos emocionais de cada um influenciam na forma como um interage com o outro.
Uma sensibilidade tende a começar com um ou mais ventos impactantes na vida das pessoas, muitas vezes em um relacionamento importante, que as fez se sentir vulneráveis ou sob ameaça, porque uma necessidade legítima delas foi ignorada ou descartada em um momento crítico, ou elas foram ativamente machucadas. Estas vulnerabilidades podem ser da infância ou de relacionamentos anteriores e também podem surgir de eventos impactantes no relacionamento atual.
Mesmo os pais e/ou cuidadores mais amorosos e bem-intencionados não conseguem atender a todas as nossas necessidades. Também podemos experimentar decepções que marcam durante nosso processo de crescimento e vida adulta. Portanto, não é inesperado que possamos trazer essa dor para o nosso relacionamento atual e ter uma fantasia de que o relacionamento pode, finalmente, compensar todo o carinho e a aceitação que perdemos.
Sendo assim, após sofrer as consequências do evento impactante, as pessoas seguem com um conjunto de crenças sobre certas coisas serem ameaçadoras. Isso tem duas implicações:
- Se ocorre alguma situação semelhante ao evento original, o qual parecia ameaçador, agora surge uma reação emocional / fisiológica / comportamental mais intensa do que outras pessoas poderiam ter numa mesma situação;
- Quando a sensibilidade é tocada ou acionada, a pessoa vai mostrar uma reação defensiva, como por exemplo, sinais comportamentais de luta / fuga, os quais, provavelmente, irão desencadear os gatilhos da outra pessoa (a partir daí pode ser formado o padrão de interação).
Auxiliar os casais a identificar seus pontos fracos é essencial para ajudá-los a compreender suas estratégias reativas de enfrentamento que os levam a se envolver em uma forma de se relacionar improdutiva. Uma vez que entendam seus pontos fracos e como foram reforçadas ao longo dos anos, seus padrões reativos fazem sentido. A partir daí, com a consciência da existência destas feridas emocionais, há a possibilidade de escolha de uma conduta diferente, menos reativa e mais funcional.
Referências:
Christensen, A., Doss, B. D., & Jacobson, N. S. (2018). Diferenças Reconciliáveis: reconstruindo seu relacionamento ao redescobrir o parceiro que você ama, sem se perder (2a ed.). ( M.R.S.W. Lins & M. Rozman, Trads.). Novo Hamburgo: Sinopsys.
Christensen, A., Doss, B. D., & Jacobson, N. S. (2020). Integrative Behavioral Couple Therapy: A Therapist’s Guide to Creating Acceptance and Change. Second Edition (English Edition). New York: Norton.
Jacobson, N. S., & Christensen, A. (1998). Acceptence and Change in Couple Therapy: A Therapist’s guide to Transforming Relattionships. New York: Norton.
Lins, M. R. (2019). Terapia Comportamental Integrativa de Casal. In Melo, W. (Org.) A prática das intervenções psicoterápicas: como tratar pacientes na vida real. Novo Hamburgo, RS: Sinopys.
Lins, M. R. (2020). Terapia Comportamental Integrativa de Casal: a terapia de casal da abordagem contextual. In Cardoso, B & Paim, K. (Org.) Terapias Cognitivo-Comportamentais para casais e famílias: bases teóricas, pesquisas e intervenções. Novo Hamburgo, RS: Sinopys.
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