ACEITAÇÃO E MUDANÇA NAS RELAÇÕES CONJUGAIS

O livro “Diferenças Reconciliáveis: reconstruindo seu relacionamento ao redescobrir o parceiro que você ama, sem se perder” escrito por Neil Jacobson, Andrew Christensen e Brian Doss apresenta a Terapia Comportamental Integrativa de Casal de uma maneira clara e didática. O objetivo deste livro é ajudar no entendimento dos conflitos conjugais e abrir a possibilidade para transformá-los em momentos de intimidade. Quando alguém se envolve num conflito com o(a) parceiro(a), é comum colocar a culpa do problema nos defeitos do outro. Cada um pensa que a correção dessas falhas está na mudança do(a) cônjuge. Mas este resiste à mudança, e então se fica preso numa luta que desgasta os bons sentimentos que havia um pelo outro. Cada um pode se sentir preso, sem saber como lidar com as diferenças indesejáveis ​​da outra pessoa e recorre à acusação, à crítica, à defensividade ou afastamento. Estas formas de manejo servem apenas para ferir os sentimentos um do outro. Machucados e feridos pelas tentativas de resolver suas diferenças, ambos podem achar que se criou um abismo impossível de transpor.

Neste livro há uma proposta de sair deste impasse: aceitar o(a) parceiro(a). A inclinação natural é tentar mudar o outro, mas estes esforços frequentemente pioram o conflito. Quando um dos cônjuges genuinamente aceitar o(a) parceiro(a), talvez poderá se sentir em paz, e, paradoxalmente, mudá-lo. O(a) companheiro provavelmente quer fazer o outro(a) feliz. Quando se é capaz de aceitar a vivência de cada um, e por consequência o comportamento que resulta dessa experiência, ambos podem fazer mudanças espontâneas para se adaptar um ao outro. A aceitação oferece uma rota para os dois, para avançar em direção a uma união mais feliz e mais íntima.

Como se consegue a aceitação genuína? E como pode a aceitação transformar conflitos em intimidade? Embora eles sejam dolorosos, os conflitos oferecem uma janela para as emoções de ambos: suas desilusões, esperanças, pontos fortes e fracos. Se o casal olhar para esses conflitos não com o objetivo de culpar e apontar defeitos, mas com o objetivo de compreender as emoções fortes que impulsionam cada um, ambos poderão aprender mais sobre si mesmos e sua forma de interação. Compreensão e compaixão um pelo outro e uma maior perspectiva sobre seus conflitos podem levar à uma aceitação de sentimentos e comportamentos de cada um que, por sua vez, quebra os ciclos viciosos de discussão, desentendimento e afastamento – ou, pelo menos, permite se recuperar destes ciclos mais rapidamente. No mínimo, o processo de analisar e discutir suas diferenças e conflitos em uma atmosfera de aceitação promove uma maior tolerância entre o casal.

A mudança é irmã da aceitação, mas é a irmã mais nova. Quando a aceitação vem em primeiro lugar, ela pavimenta o caminho para a mudança. Quando os parceiros experimentam uma maior aceitação um do outro, a resistência à mudança, muitas vezes, se dissolve. O casal pode ficar mais aberto para se adaptar um ao outro e a se acomodar em maneiras que reduzam o conflito. Pode, ainda, comunicar-se de forma mais clara, negociar e resolver os problemas de um modo mais eficaz, uma vez que compreendem que não são mais adversários e não precisa mais machucar a pessoa que ama.

Resumo do capítulo 1 do livro Diferenças Reconciliáveis de Christensen, Doss & Jacobson (2016). Traduzido por Mara Lins e Mariza Rozman. Editora Sinopsys.

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Sobre o Autor
Mara Lins
CRP 07/05966 Psicóloga. Doutora em Psicologia Clínica (UNISINOS). Mestre em Psicologia Social (PUCRS). Especialista em Terapia de Casal e Família (CEFI). Treinamento em Terapias Comportamentais Contextuais. Treinamento em Terapia Comportamental Integrativa de Casal (Integrative Behavioral Couple Therapy-IBCT) com Andrew Christensen e sua equipe. Professora e Supervisora de cursos de pós-grad... ver mais

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