Dentro da Mente – Parte II

Somos dotados da brilhante capacidade de pensar, refletir, questionar. Ainda assim, viver vinte e quatro horas com uma mente pensante é um desafio e tanto. Quantas perguntas, comentários, julgamentos, preconceitos, idéias, dúvidas, possibilidades a todo momento… Não é à toa que brincamos com a possibilidade de sermos o nosso pior inimigo. Gosto muito da metáfora da mente fornecendo pequenos trailers para a nossa vida. Por exemplo, quase sempre quando preciso me expor em público, seja numa aula, palestra ou afins, assisto meu trailer de terror, campeão de vendas, sobre tudo que poderá dar errado naquele dia – vou cair um tombo, não vou saber o que falar, as pessoas vão ter certeza de que sou uma fraude… Consigo visualizar os olhares, observar a minha tensão em refletores, sentir um aperto no peito… E corta. Agora vai, pensamento positivo!

O interessante é que apesar da vida real me mostrar diferente, uma e outra vez, o trailer ainda não cansou de ser reproduzido. Provavelmente por que ainda encontra audiência (!), ou talvez a minha tecla repeat veio com defeito, ou foi a uma produção de tantos e tantos anos que não sei mais como me desfazer…Independentemente do caso, posso assistir o trailer e ainda assim fazer o que entendo que precisa ser feito, posso lembrar que se eu perder uma parte desse trailer algum dia eu o recupero seguramente no futuro, posso botar um tom de comédia e até rir dessa produção…

        A ideia aqui é lembrar de algumas coisas importantes sobre nossa mente:

– É impossível não pensar. Pesquisas mostram que a tentativa de controlar ou impedir os pensamentos são paradoxais: quanto mais queremos não pensar, mais pensamos.

Nós não somos o que pensamos. Eles são sim partes de quem somos, mas não representam a nossa essência (eu sou burro x eu noto um pensamento de que sou burro)

– Podemos pensar de um jeito e agir de forma completamente diferente, se assim desejarmos.

       

Então, quando a sua mente lhe fornecer algum pensamento pouco útil ou grudento, lembre-se que ela simplesmente está fazendo seu trabalho: ajudando a nos proteger. Agradeça sua mente, brinque com seus pensamentos, observe o que vem depois… Para os mais autocríticos como eu, o treino de compaixão pode ser muito bem vindo, ajudando no desenvolvimento de uma perspectiva mais compassiva consigo.

Outras ideias podem incluir a escrita de uma carta gentil para si mesmo; a observação da forma como nos tratamos e como tratamos as pessoas que gostamos; a busca por notar ao menos uma coisa na qual nos sentimos gratos naquele dia. Para os mais ruminativos, pode ser interessante ao se perceberem afundados em pensamentos pouco úteis colocar o foco da sua atenção em outra coisa, como numa caminhada, ou em ouvir uma boa música. Enfim, compartilho um pouco da minha mente com vocês na esperança de vivermos mais em paz com ela, atentos ao processo constante de equilíbrio e flexibilidade entre o que precisamos aceitar e o que podemos nos propor a  fazer diferente.

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Sobre o Autor
Gabriela Damasceno

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