Há 24 anos, Kurt Cobain terminava sua carta de despedida da vida com as palavras que intitulam este texto, a carta era destinada a seu amigo imaginário de infância chamado Boddah. Kurt cometeu suicídio aos 27 anos, tinha uma esposa, tinha uma filha de quase 2 anos, tinha uma banda que revolucionou o cenário musical na década de 90 e permanece revolucionando a música com um estilo que somente ele tinha, tem. A história de Kurt foi também marcada pela dependência de substâncias, humor instável e por canções autobiográficas de sua dificuldade com seus sintomas depressivos, com suas características de personalidade agravados pela adição.
Há 6 meses, Frances Cobain terminava uma postagem em uma rede social com as mesmas palavras usadas pelo pai em 1994. Na mensagem, Frances comemorava o aniversário de 2 anos de abstinência de substâncias e alertava de forma consistente e verossímil para um grave problema de saúde pública que é o suicídio, além disso, e corroborando com a importância de se falar sobre este tema e intensificar cada vez mais campanhas de prevenção, Frances relatou de forma sensível e precisa outra grave problemática, a psicofobia: “O fato de estar sóbria não é realmente para o conhecimento público, mas acho que é mais importante deixar de lado meu medo de ser julgada, mal interpretada ou tipificada como uma coisa. Eu quero ter a capacidade de reconhecer e observar que minha jornada pode ser informativa, até útil para outras pessoas que estão passando por algo similar ou diferente. É uma batalha diária, dolorosa, desconfortável e trágica sobre coisas que já aconteceram ou acontecerão. A autodestruição, o consumo tóxico e a libertação da dor são muito mais fáceis de aderir. Unicamente, para mim e para aqueles que estão à minha volta, escolher estar presente é a melhor decisão que já fiz. Como tratamos nossos corpos está diretamente correlacionado com a forma que tratamos as nossas almas. Está tudo interligado. Tem que ser.”
Frances nos enriquece ao relatar a importância do autoconhecimento, da capacidade de se reconhecer, de estar presente e de tolerar o mal estar, escolher viver uma vida que tenha mais qualidade, diminuindo assim condutas de risco, princípios amplamente difundidos pelas Terapias Contextuais.
Estima-se que 800 mil pessoas morram por suicídio anualmente, uma a cada 40 segundos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, somente 28 países possuem estratégia nacional de combate ao suicídio. No Brasil em 2012, 11 mil e 800 pessoas cometeram suicídio por negligência ou ignorância de próximos a um tratamento adequado.
Há 3 meses do Setembro Amarelo, tivemos 2 suicídios por enforcamento com 3 dias de intervalo um do outro, a estilista Kate Spade aos 55 anos e o chef Anthony Bordain aos 61 anos. A associação alarmante de dependência química com suicídio alerta para um fator de risco direto e grave.
Frances Cobain de 25 anos ressignifica a expressão criada pelo pai Kurt Cobain falecido aos 27 anos, 24 anos após seu suicídio, como uma frase impactante, emocional e única de apelo à maior sensibilidade com os transtornos mentais, de um olhar mais terno e preocupado, de mais paz, amor e empatia com o outro.
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