Divido aqui o texto de uma colega nutricionista muito especial, Letícia Christianetti. Desfrutem:
Com frequência recebo no consultório pacientes preocupados com o tempo necessário para que as mudanças ocorram no processo de Equilíbrio Alimentar. As perguntas, de maneira geral, são: quantas vezes terei que vir aqui? Quanto conseguirei emagrecer em uma semana? Você vai me passar algum cardápio? Mas funciona mesmo?
Junto com tantas questões, eles geralmente trazem uma expectativa muito conectada a realidade de alguém ou de alguma promessa avassaladora de resultados rápidos e mágicos encontrados na internet ou no blog que relata um emagrecimento muito rápido com a dieta “x”. Eles chegam com um olhar simplista sobre o ato de se alimentar e com uma expectativa muitas vezes inatingível dentro do olhar humanista e comportamental da nutrição.
E o que você diz Nutri Letícia?
Bem… a minha resposta é quase sempre a mesma: uma metáfora que desenvolvi sobre o olhar do processo de mudança do comportamento alimentar: você já plantou uma árvore? Se sim ou se não, deve ter percebido que elas crescem no tempo delas conforme o adubo que é colocado na terra onde elas estão, com as possibilidades externas da natureza. Ou seja, pode ser que esta árvore demore mais para crescer porque a chuva não veio ou porque o sol não veio, pode ser que esta árvore demore mais para crescer porque uma grande tempestade veio e quebrou um galho ou pode ser que esta árvore receba muita energia, amor, carinho e que o dono dela coloque água suficiente para que cada folhinha ou galho desta árvore cresça com saúde e vigor.
Não podemos obrigar que uma árvore cresça mais do que aquilo que a natureza dela permite, e no contexto do processo de mudança do comportamento alimentar, somos todos árvores, temos o nosso tempo.
Mas de uma coisa tenho certeza, a cada galho estendido, a cada folha e fruto que florescer, no tempo que for, comemore! Comemore o seu comprometimento em oferecer a água necessária todos os dias para que sua árvore se desenvolva em toda a sua plenitude. E se a tempestade vier e o galho quebrar? Bem… é possível parar a tempestade? Não. Mas você pode escolher regar novamente e perceberá que o galho quebrado logo retomará seu espaço. Retome o caminhar, passo a passo…
Mas o que seriam passos neste contexto?
Um exemplo prático da caminhada rumo ao equilíbrio alimentar seria este: podemos pensar em um passo possível quando um paciente chega comendo doce todos os dias e ele percebe (a partir das informações que identificamos no registro alimentar) que comer doce todos os dias não está auxiliando que ele caminhe rumo aos seus objetivos pessoais. Ele entende assim, quando informamos a ingestão de açúcar que ele faz todos os dias na medida que escolhe comer sobremesa após todas as refeições e consequentemente, faz com que seu peso aumente. quando na verdade, seu desejo é diminuir este peso. A pergunta que fizemos é a seguinte: o quanto você está disposto a abrir mão desta sobremesa diária para que caminhe rumo ao desejado emagrecimento? As respostas podem ser variadas, mas a concretização do passo precisa ser real. A escolha do paciente precisa ser real. Posso falar de mim: eu Letícia, necessito, invariavelmente, de um docinho eventual. Então, escolho comer doce pelo menos 2 vezes por semana. Me faz muito sentido dentro do contexto atual.
Logo, no processo pela busca do equilíbrio alimentar, a única coisa que posso garantir é que a caminhada aconteça no seu tempo, conforme suas possibilidades e o grau de motivação e comprometimento neste momento. É neste “passo a passo” que a caminhada acontece e caminhando, rumo aquilo que é muito importante para nós, chegaremos no destino tão almejado. Acredite, o caminho é um passo de cada vez, lembrando que passos alegres valem por três!