Falar de simpatia, empatia e compaixão é falar de relações interpessoais.
Referem-se à capacidade de compreender as outras pessoas, embora a forma como é vivenciada e expressada não seja a mesma. Vamos pensar nas suas diferenças, além de como essas habilidades afetam nossos relacionamentos, pois estas atitudes são importantes para estabelecer relações humanas positivas, mas não são iguais.
Simpatia é o sentimento que permite que você entenda um certo estado emocional em outra pessoa. Ao sentir simpatia por alguém é possível se preocupar com seus problemas e entender a situação que está passando, mas sem se envolver emocionalmente. É a capacidade de se relacionar positivamente com alguém, muitas vezes por meio de gentileza, cortesia e amabilidade. É mais ligada a uma reação externa, expressando consideração e respeito pelo outro, sem necessariamente compreender ou sentir o que a pessoa está passando. Talvez a simpatia leve a tentar ajudar dando conselhos ou sentir pena da situação desagradável que o outro está passando. A simpatia é como uma ponte que conecta as pessoas de forma amigável e cortês. É mostrar consideração e respeito pelo outro, sem refletir necessariamente um profundo entendimento das emoções da pessoa.
Com a empatia também identificamos os estados emocionais do outro, só que, além disso, compartilhamos. Ser empático é ter a capacidade de sentir em primeira mão _ aquilo que _ o outro experimenta; é ” se colocar ” no seu lugar,
Empatia está associada à capacidade de entender e se identificar com as emoções e experiências de outra pessoa, buscando compreender verdadeiramente, o que resulta numa resposta mais eficaz às suas necessidades. Empatia vai além, permitindo-nos mergulhar no mundo emocional do outro. É como se nos colocássemos no lugar da outra pessoa, sentindo, compreendendo e compartilhando verdadeiramente suas emoções a partir da sua perspectiva.
Compaixão passa pelo se conectar com os sentimentos de uma pessoa que está sofrendo e há uma motivação para agir, na tentativa de ajudar a aliviar este sofrimento. Proporciona conexão entre as pessoas, gerando sentimento de segurança, tranquilidade e bem-estar. Compaixão é uma profunda consciência da humanidade do outro. Engloba a simpatia e a empatia. Reconhece a universalidade da dor com bondade, sem julgamento. Os autores referem que a compaixão é um processo cognitivo, afetivo e comportamental ao perceber o reconhecimento do sofrimento como parte da universalidade da experiência humana, havendo tolerância ao incômodo despertado nesta experiência e aceitando que a pessoa sofre, mas com forte motivação para agir e aliviar o sofrimento.
Vamos descriminar um pouco mais, com quatro importantes diferenças entre elas:
- O tipo de escuta
Quando ouvimos o outro com simpatia, é provável que tentemos dar conselhos sobre o que fazer para melhorar sua situação. Embora um conselho talvez seja de grande ajuda, se agirmos com empatia, talvez seja suficiente dizer à outra pessoa: “imagino como está difícil esta situação”, e ela se sentirá acolhida. E escutar com compaixão seria dizer: “conte comigo para o que você precisar, estou aqui para você”.
- O nível de profundidade
A simpatia nos ajuda a distinguir a emoção que o outro sente; então é possível sentir pena ou preocupação com sua situação. No entanto, a empatia nos une de forma mais profunda por meio das emoções. Se o outro está angustiado, podemos sentir como se a angústia fosse nossa. E na compaixão haverá um desejo de fazer algo para aliviar a angústia da outra pessoa.
- O ponto de vista
Por meio da simpatia observamos os outros e podemos visualizar/criar nosso ponto de vista. É fácil dizer a alguém o que tem de fazer quando não nos envolvemos no plano emocional. No entanto, a empatia nos leva a compreender o sentimento a partir do ponto de vista da outra pessoa. Por meio da compaixão, o convite é que não basta pensar o que EU faria nesta situação (como propõe a simpatia), mas o que pode realmente ajudar essa pessoa a partir do lugar que ela está.
- O grau de abertura
Para sermos bons não precisamos estabelecer laços profundos. Se vamos nos relacionar com um conhecido ou um colega de trabalho, gestos de simpatia ajudam a manter um tratamento cordial. Para ser empático é necessário nos abrir para sentir o dor do outro, sem julgar, tampouco minimizar seu sofrimento. Essa abertura tende a beneficiar a pessoa, pois ela se sentirá acompanhada e validada em suas emoções. Como a compaixão propõe um comportamento de ajuda, também implica um risco para quem a exerce, porque podemos nos sentir vulneráveis ao participar de um sofrimento. Portanto, é importante cuidarmos de nosso equilíbrio emocional e estabelecer limites saudáveis ao praticar a empatia e compaixão.
Em resumo, enquanto a simpatia envolve uma reação exterior de cortesia e amabilidade, como uma resposta para o mundo externo, a empatia vai além, representando a capacidade de compreender e se conectar emocionalmente com o outro, criando um vínculo mais profundo e genuíno, e a compaixão vai propor uma conexão interna e profunda, ao enxergar com os olhos e o coração da outra pessoa, trazendo maior conexão.
Por que é necessário saber as diferenças entre simpatia, empatia e compaixão?
Estar ciente destas diferenças nos permite ser reflexivos nas interações, o que é fundamental para tomadas de decisão sobre como desejamos nos relacionar com cada pessoa das nossas relações, como desejamos ser com o mundo.
Referências:
Gilbert, P. (2020). Terapia Focada na Compaixão. São Paulo: Hogrefe.
Rodrigues, M., Pereira, D. (2021) Psicologia Positiva: dos conceitos à aplicação. Novo Hamburgo: Sinopsys
Mara Lins