A vida nos traz a possibilidade de viver diferentes relações. As relações com familiares: pai, mãe, irmãos, os familiares mais distantes, as relações de amizade, as interações com pessoas do nosso cotidiano, os colegas de trabalho ou de estudos e tantas outras que vão se construindo ao longo da vida. Para iniciar relações ou para que tenhamos amizades próximas ou relações de intimidade é preciso estar presente: estar disponível para o que cada interação nos traz.
Estar presente em uma relação não é estar distante, olhando para outro lugar; não é estar sentado ao lado de alguém enquanto pensa nas tarefas da semana; não é se colocar do lado de fora de uma roda de conversa ou enquanto amigos realizam uma atividade juntos; não é estar excessivamente preocupado com a forma que você está falando ou se comportando.
Estar presente em uma relação é participar. Não precisamos tentar controlar ou prever cada instante, o que irá acontecer ou como irá acontecer. Podemos seguir o fluxo, nos deixar envolver pelas palavras, imagens, gestos que chegam até nós. Se estamos mergulhados na interação e percebemos o impulso de voltar a superfície, experimente resistir. Seguindo imersos na interação.
Estar presente em uma relação é estar no momento presente. Nem no passado e nem no futuro. Estar no aqui-e-agora. Não se prenda excessivamente às interações com aquela pessoa que ocorreram no passado ou as histórias que criamos para o futuro. Abrace a disposição para viver o momento, instante a instante.
Estar presente em uma relação é estar atento. Observe a pessoa com interesse e curiosidade. Se for alguém que é a primeira vez que você vê, preste atenção com interesse em conhecer quem está interagindo com você. Se for alguém que você já conhece, preste atenção com curiosidade. O que a pessoa está falando ou fazendo nesse momento? Esteja disposto a mudar de opinião sobre a pessoa, não se prenda ao que você achava que ela fazia ou disse há algum tempo atrás. As pessoas mudam a sua forma de ser e o que pensam sobre o mundo.
Estar presente nas relações é dar espaço para o outro. Não precisamos questionar constantemente as intenções e motivações do outro. E, principalmente, não precisamos supor o que o outro está sentindo e pensando. Em alguns momentos, se conhecemos a pessoa há um tempo e temos habilidades interpessoais para compreender a perspectiva do outro podemos criar boas hipóteses sobre o que está se passando com a outra pessoa. Ainda assim, serão hipóteses. É preciso estar aberto a possibilidade de mudar de ideia e verificar com o outro se o que inferimos está correto.
Estar presente nas relações é deixar em suspenso os julgamentos. A nossa mente pode estar constantemente buscando avaliações e interpretações sobre o que o outro está fazendo. Comumente pensamos que está ‘certo’ ou ‘errado’ ou que é ‘bom’ ou ‘ruim’. Para manter a proximidade emocional com as pessoas podemos substituir os julgamentos por descrições do que observamos da experiência. Diferenciando a descrição daquilo que observamos ao nosso redor daquilo que é a nossa experiência interna, como pensamentos, sentimentos e sensações.
Estar presente nas relações é experimentar a vida.
Linehan, M. M. (2018). Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o paciente. Artmed Editora.