Às vezes estamos tomados por uma única perspectiva de ver as coisas e de experimentar as coisas. Podemos até “saber” que podíamos nos comportar diferente diante daquela situação que nos desagrada, mas simplesmente não conseguimos. Seguimos agindo do velho jeito que não funciona. O jeito que pode ser xingando, exigindo, cobrando ou reclamando.. mostrando nossa insatisfação… e as coisas seguem iguais. É como se a gente “sacudisse, sacudisse” e nada acontecesse. No fundo a gente reclama para aliviar a raiva ou a insatisfação naquela hora. A gente até pode sentir um alívio destas emoções chatas de sentir no curto prazo… mas o que a gente realmente queria, que era a mudança do outro, não acontece. Então dizemos que é aquele velho jeito de lidar que não funciona no médio e longo prazo. Funciona só ali na hora para aliviar a emoção difícil que estamos experimentando.
Você já pensou em “trocar a corneta pela torcida?” Se não experimentou ainda, experimenta. Mesmo. Já viu algum jogador fazer gol em plena vaia? Já se perguntou em que contexto é mais provável que ele corra atrás da bola com afinco? Naquele em que escuta o calor e a confiança da torcida, ou quando a corneta está rolando solta? Então.. pensa nisso.
Quando a gente muda nossa postura diante das coisas que não mudam, as coisas mudam.
Das Terapias Comportamentais Contextuais, mais especificamente da Terapia de Aceitação e Compromisso, trago alguns dos processos de flexibilidade psicológica para nomear um pouco da experiência acima relatada: aceitação, valores e ações com compromisso.
Aceitação tem a ver com fazer espaço para a realidade tal qual ela é, sem lutar com ela. Quanto mais a gente luta para mudar o que não está nas nossas mãos, mais a gente “afunda”. Os valores têm a ver com a clareza daquilo que realmente importa, qual o nosso norte? As ações com compromisso são aqueles comportamentos que temos e que nos aproximam de quem a gente é, de quem a gente quer ser, daquilo que é valioso.
“Trocar a corneta pela torcida” é uma ação com compromisso, é muito mais a Martha que eu quero ser. Esta troca me aproxima do tipo de relação que quero estabelecer com as pessoas importantes para mim. A abertura para o outro e o seu ritmo, que sempre é diferente do nosso, realmente liberta! Bem vinda aceitação! Obrigada.