A adolescência é um momento do desenvolvimento de significativas mudanças biológicas, psicológicas, emocionais, físicas e relacionais. Em meio a tantas mudanças, as famílias precisam se adaptar a essas novas necessidades que os filhos estão vivendo. Ser mãe ou pai de filhos adolescentes é um papel complexo, exige flexibilidade e constantes ajustes.
Com as mudanças do universo adolescente, pode parecer cada vez mais difícil a comunicação com os filhos. Ou eles respondem ‘aham’. Ou falam, falam, falam, sem que seja possível entender. Ou muitas vezes dão uma resposta que parece tão desconectada daquilo que está passando naquele momento. Ou a reação emocional poder ser tão intensa e com mudança abrupta que nos deixa paralisados.
Na tentativa de explicarmos o que pode estar acontecendo com os filhos, costumamos entrar no universo dos nossos julgamentos. Mas antes de seguir por esse caminho, meu convite é para que possamos olhar para as diversas informações que estão presentes naquele momento. Para alcançar uma boa comunicação com os filhos também precisamos dar atenção a como nós estamos. Muitas vezes ficamos tão focados em resolver um assunto pendente ou mudar algo que vemos que está errado que esquecemos de olhar para nós mesmos.
Sim, também somos parte importante nessa interação.
Como você está se sentindo ao pensar em ter essa interação? Quais são os pensamentos que passam pela sua mente? Você está conectado a esse momento? Está preso em interações do passado? Ou em expectativas com as consequências? Apenas observe essas informações internas, todas elas precisam do seu espaço. Não precisamos nos apegar a elas, mas podemos perceber como elas aparecem.
E quando olhamos para fora, o que podemos observar? O que está andando junto com esse ‘aham’ do seu filho adolescente. Como é a expressão no seu rosto. Qual é a expressão com o corpo? Está fazendo alguma atividade? Parece imerso em seu mundo de pensamentos? Ou quando fala sem parar? Como ele ou ela parece estar nesse momento? Quais as expressões que acompanham as emoções?
Por exemplo, podemos olhar uma situação e logo julgar ‘preguiçoso’ ou podemos descrever aquilo que estamos observando, alguém que está deitado, olhando vídeos no celular, usando um abrigo. Para nos ajudar a estar atentos a diferentes informações, descrever o que estamos observando pode ser um grande aliado.
Os nossos julgamentos prévios podem nos colocar em armadilhas, criando barreiras para a comunicação e excluindo informações valiosas presentes naquele momento. Estar disponível e atento para os sentimentos, comportamentos e pensamentos que estão presentes torna possível ampliar o leque de informações e escolher, de forma mais consciente e assertiva, com quais informações podemos nos relacionar. Uma boa comunicação consegue dar espaço e presença para todas as informações.
Ao contrário do que alguns pais sentem, os filhos adolescentes também desejam uma boa comunicação.
REFERÊNCIA
Linehan, M. M. (2018). Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o paciente. Artmed Editora.