Esse post tem duas funções: ser simples e ser útil. Entender para que servem as emoções é o ponto central que gostaria de abordar nesse contexto.
As emoções são complexas, uma vez que diferentes reações acontecem ao mesmo tempo. Por exemplo, quando sinto raiva, posso notar uma contração em minha mandíbula, um impulso de falar mais alto, alguns pensamentos com a temática da injustiça, entre outros. Tudo isso acontece em frações de segundo, o que torna a observação desses componentes algo desafiador.
As emoções são respostas involuntárias, automáticas e repentinas – funcionam como ondas, que se elevam, chegam no seu ápice e caem. Elas também costumam se reativar, ou seja, quando experimentamos uma emoção é comum que ela se autoperpetue, nos sensibilizando para outras situações na qual a emoção está associada. Por exemplo, se estou triste com alguma pessoa importante, posso começar a focar em outros aspectos da minha vida que não estão indo como eu gostaria; se estou caminhando numa rua deserta e com medo, é possível que cada novo barulho aumente minha suspeita de perigo, e assim por diante.
Sentir emoções nos faz humanos! Ainda que seja extremamente desagradável e difícil tolerar certas emoções em determinados contextos, precisamos de todas elas para sobreviver e ter uma vida com sentido.
E afinal de contas, qual é a função das emoções em nossa vida?
Esta pergunta pode não parecer tão simples, até porque, como falei antes, as emoções são complexas. Mas vamos lá! Segundo a Terapia Comportamental Dialética (DBT) as emoções possuem três funções básicas:
Comunicar-se consigo: Sua emoção pode estar lhe comunicando algo que precisa ser ouvido. Identificar o que estamos sentindo pode ser muito útil para percebermos as nossas necessidades, como por exemplo a importância de termos apoio quando nos sentimos tristes.
Comunicar-se com os outros: Suas emoções exercem impacto nos outros, gerando muitas vezes respostas automáticas. É fácil de ver que um bebê interpreta e responde rapidamente às expressões faciais dos cuidadores. Além disso, expressar as emoções pode influenciar os outros – expressar a raiva pode interromper algum comportamento de alguém; ser gentil pode aumentar as chances de sermos bem recebidos, por exemplo.
Motivar a ação: Agir sobre influência da sua emoção pode ir na direção de algum interesse pessoal ou lhe aproximar de seus objetivos próprios. Por exemplo, o medo de ir mal numa prova pode funcionar para motivar o estudo, etc.
Não fica mais fácil clarificar a tal complexidade das emoções agora? Possuir autoconhecimento sobre as próprias emoções, notar a relação e o impacto no outro e o que a emoção nos mobiliza a fazer são de fato relevantes. Essas informações nos ajudam a fazer nossa parte em regular as nossas emoções, mesmo que a situação seja difícil. Dessa forma, identificar a função das emoções, principalmente das emoções indesejáveis, pode ser o primeiro passo na direção da mudança e da efetividade.
A seguir, deixo algumas perguntas que podem ajudar a discriminar a função do impulso de algumas emoções:
TRISTEZA
“Tem algo importante que sinto que estou perdendo/ me afastando?”
“É relevante comunicar aos outros que estou precisando de ajuda/apoio?”
RAIVA
“Esta situação bloqueia ou ameaça algo de valor para mim (objetivo, atividade, pessoa importante)?”
MEDO
“Existe alguma ameaça à minha vida (ou dos que amo) saúde ou bem estar? Existe algum perigo do qual preciso escapar?”
ALEGRIA
“O que realmente valorizo nessa situação?”
INVEJA
“O que o outro possui é algo que quero ou necessito?
CIÚMES
“O que essa pessoa/ coisa significa pra mim?” Há necessidade de proteção?”
CULPA:
“Fui contra alguma coisa que valorizo ou aprecio? Violei algum valor importante pra mim?”