‘SOLIDÃO: Não é à toa que é aumentativo’

Todos nós precisamos nos sentir parte de algo ou da vida de alguém que amamos. Porém por vezes nos vemos inundados pela dor de estar só. A solidão gera angústia e sofrimento psicológico. E é possível estar acompanhado, e ainda assim sentir um vazio, principalmente ao perceber que não há apoio, validação ou reciprocidade numa relação. Quando se experimenta a solidão, pode-se sentir um medo profundo e uma sensação de que a vida não é importante. A solidão emocional pode ser devastadora.

Precisamos de ambientes sociais seguros para sentir o bem-estar. Portanto, o investimento para nos cercar de pessoas que nos oferecem segurança e confiança sempre será importante. Se houve um rompimento numa relação, a necessidade de conexão pode ser reparada noutra relação, seja pela família, amigos, inclusive pelo(a) terapeuta.

Não estamos falando de isolamento, nem de uma pessoa com dificuldades em termos de habilidades sociais. É um tipo mais profundo e delicado de realidade psicológica. Nesses casos, é muito conveniente contar com a ajuda de um profissional. Por trás desses estados, muitas vezes está mascarado um processo depressivo que deve ser atendido. Sendo assim, não basta recomendar à pessoa que deve sair e fazer amigos. Se a pessoa estiver deprimida é preciso ir mais fundo, reorientar, apoiar e buscar ajuda clínica se necessário for.

É possível sentir-se bem sozinho(a)?

Às vezes a gente se perde no caminho, começa a ficar muito infeliz e o sofrimento se torna muito presente no nosso dia a dia. Aqui está a velha questão: a dor existe, é inerente à existência, mas ficar com um sofrimento prolongado… qual função teria? Daí a vida convida a ficar sozinho(a) para que se possa desacelerar, escutar seu interior e saber para onde deve ir agora. Nos momentos de solidão, há muito tempo para refletir e, às vezes, as respostas que podemos encontrar não são totalmente agradáveis, mas são importantes porque falam das nossas necessidades mais profundas. O que você vê quando está só?

Embora possa ser um pouco assustador no começo, estando sozinhos podemos dar abertura para observar o que acontece dentro da própria pele e aprender muitas coisas sobre nós mesmos, e, justamente a partir daí, apostar em nosso bem-estar e crescer como pessoa. A solidão nem sempre é um estado nocivo, há pessoas que a buscam como um valioso conselheiro para tomar suas decisões mais importantes. Os períodos de solidão nos ajudam a dar um passo para trás, olhar para nossas vidas em retrospectiva e planejar o futuro.

Portanto, vivenciar a solidão é uma excelente oportunidade para nos reconectarmos com nós mesmos, sem dar explicações a ninguém, simplesmente desfrutando das coisas que mais queremos, longe das obrigações diárias, para refletir qual a nossa parte em cada relação, sobre o que fazemos que funciona ou não, para nos ouvirmos novamente e descobrirmos como melhorar nossa existência, de forma escolhida.

Solidão: não é à toa que é aumentativo…  na dor… no conhecimento e na transformação…