Setembro Amarelo, DBT e o Papel dos Familiares: Cuidar de quem cuida também salva vidas.

O Setembro Amarelo nos convida a falar sobre a dor emocional, o sofrimento psíquico e a importância de prevenir o suicídio com mais empatia, informação e ação. Nesse cenário, a Terapia Comportamental Dialética (DBT) se destaca como uma abordagem baseada em evidências que oferece suporte não apenas às pessoas que sofrem, mas também às suas famílias — especialmente quando falamos de adolescentes e adultos com intensa desregulação emocional, autolesões ou pensamentos suicidas.

Falar sobre suicídio exige sensibilidade, mas também clareza: muitas vezes, o desejo de morrer não é um desejo de acabar com a vida, mas sim de acabar com a dor. Portanto, a DBT ajuda a construir pontes entre a dor e a vida que vale a pena ser vivida. Ela não promete que o sofrimento vá desaparecer, mas mostra que é possível  lidar melhor com as emoções e criar espaços internos de esperança e escolha, mesmo em meio à escuridão.

Dessa forma, meu desejo é que neste Setembro Amarelo possamos lembrar que vulnerabilidade não é fraqueza, é sim humanidade. E que ninguém precisa atravessar a dor sozinho. A DBT é um caminho possível de reconexão com os outros, consigo mesmo, com a vida e com a família.

Para muitos pais, mães, irmãos e parceiros, lidar com crises emocionais frequentes de um ente querido pode ser exaustivo, confuso e solitário. Muitas vezes, o medo de “fazer algo errado” paralisa, e a relação se desgasta entre tentativas de controle, silêncio e desespero. É aí que o Treinamento de Habilidades da DBT para Familiares entra como uma ferramenta poderosa.

Esse treinamento oferece aos familiares recursos concretos para melhorar a comunicação, reduzir conflitos e sustentar vínculos mais seguros. Ensina os familiares  a validarem emoções sem reforçarem comportamentos problemáticos, a estabelecerem limites com firmeza e empatia, e a cultivarem a presença com menos julgamento e mais aceitação.

No contexto da prevenção ao suicídio, isso é essencial. Muitas vezes, familiares bem-intencionados agem com críticas ou invalidação sem querer, o que pode aumentar o isolamento e o sofrimento de quem já se sente “quebrado” por dentro. A DBT mostra que é possível cuidar sem controlar, apoiar sem se anular e amar com sabedoria.

Entre as habilidades ensinadas no treinamento estão:

  • Validação emocional: aprender a reconhecer e acolher a dor do outro sem minimizar, dramatizar ou invalidar.
  • Mindfulness em família: estar presente nas interações, sem reações automáticas.
  • Tolerância ao mal-estar dos dois lados: estratégias para que familiares cuidem de si mesmos mesmo em meio ao caos.
  • Comunicação eficaz e assertiva: saber pedir, dizer não e negociar com respeito.
  • Limites dialéticos: equilibrar firmeza e flexibilidade, compreensão e consequência.

Famílias bem orientadas podem ser um fator protetor importantíssimo. Elas não precisam “salvar” sozinhas, mas podem aprender a estar com, de um jeito que fortalece a esperança e promove escolhas de vida.

Se você convive com alguém que enfrenta dor emocional intensa, saiba: você também merece apoio e você não está sozinho. E esse apoio pode transformar o ambiente, a relação e até o futuro.

Para tanto, te convido a participar do Treinamento de Habilidades para Familiares do Núcleo DBT CEFI. Para mais informações entre em contato conosco.

 

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Sobre o Autor
Vanessa Stechow
Psicóloga (PUCRS). MBA em Gestão de Pessoas com ênfase em Estratégia (FGV/RS), Didata em Dinâmica dos Grupos (SBDG) e qualificação como Analista PDA (Personal Development Analysis). Formação Internacional em Coaching Executivo Organizacional - Metodologia Ontológica Transformacional com Leonardo Wolk, em Líder Coach pelo ICI e The Coaching Clinic – Corporate Coach U. Formação em Coaching de Equ... ver mais

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