Treinamento em Flexibilidade Psicológica
Há mais de uma década, pesquisadores ACT (Acceptance and Commitment Therapy) têm mostrado que a flexibilidade psicológica é a chave para termos uma vida plena e com sentido. Diferente de alguns modelos de psicoterapia que propõem esforços para livrar-se da dor e do sofrimento, a ACT, propõe que os esforços não vão neste mesmo caminho, e sim na capacidade de seguir na direção daquilo e daqueles que são importantes em nossas vidas mesmo na presença destes obstáculos (como a dor e sofrimento). Em outras palavras, a dor muitas vezes é parte do caminho para se alcançar uma vida realmente valiosa.
O contrário da flexibilidade psicológica, é a inflexibilidade psicológica, isto é, quando ficamos estagnados, lutando para combater nosso sofrimento e todos os obstáculos internos que não gostamos ou não queremos sentir (que podem ser pensamentos críticos/negativos ou sentimentos como tristeza, medo, culpa, raiva, insegurança) e por conta desta luta, não conseguimos nos mover na direção daquilo que é importante para nós. É muito comum, lutarmos e esperarmos que estas emoções desapareçam, para então tentarmos ir na busca daquilo que importa. O custo disso, pode ser perder muito tempo, talvez anos lutando, sofrendo por não estar desfrutando da vida que gostaríamos de ter.
O objetivo da ACT é treinar esse modo de vida flexível, como se fosse um músculo que queremos que se desenvolva quando vamos na academia, por exemplo. Esse treino envolve o trabalho de alguns processos (Eu Contexto, Desfusão Cognitiva, Aceitação, Viver no Presente, Ter Clareza dos nossos valores e Atitudes comprometidas), que podem ser aqui simplificados como: estar aberto, presente e comprometido. Ou seja, uma pessoa flexível é aberta, vive no presente, reconhece o que é importante em sua vida e é capaz de comprometer-se agindo nesta direção ainda na presença de obstáculos. É parte importante do treino: parar, observar e escolher. Uma vida valiosa não é o mesmo que uma vida sem sofrimentos. “A dor não tem a função de nos matar e sim, transformar”, é o que diz Steven Hayes, o criador do modelo da flexibilidade psicológica e um dos maiores pesquisadores da área.
Do ponto de vista comportamental a explicação para o treinamento da flexibilidade psicológica é possibilitar a discriminação da função dos comportamentos, aumentar a sensibilidade às contingências e reduzir o controle aversivo dos comportamentos.